Textos Escolhidos
O porco já foi um animal de extrema importância na economia doméstica de muitos povos, inclusive dos brasileiros.
As pessoas do interior engordavam o seu porquinho em chiqueiros feitos no fundo dos quintais das casas.
Engordar o porco era um ritual coletivo: todos os vizinhos participavam.
Um pouco de milho daqui, umas verduras murchas de acolá, um resto de comida dali e... depois de meses: o dia do porco!
Matar o porco era um ritual digno de registro.
Muitas pessoas se envolviam e se locomoviam para participar do grande evento: homens, mulheres, crianças e o grande astro - o carrasco!
Escolhido a dedo, detentor de técnica apurada, ele sangrava o porco sem que o animal soltasse um grunhido sequer.
Existia um respeito para com o abate do animal.
Sangrado, os homens faziam a sua parte: sapecavam, pelavam e abriam o bicho; o resto era com as mulheres.
Elas destrinchavam o porco e separavam cada parte do animal para ser usada adequadamente.
Durante todo o dia: lingüiças, torresmos, carnes fritas, chouriços doces e salgados, pururucas e tachos de misturas negras, ferventes, na confecção do sabão.
Os homens riam, bebiam cachaça, comiam torresmos, pinicavam a viola, cantavam e, acima de tudo, jogavam o truco.
Os meninos levavam, de porta em porta, um pedaço de carne ou toucinho, uma lingüiça, um prato de torresmos ou um chouriço para os vizinhos que ajudaram a engordar o porco.
Gordura e carnes, já prontas, eram guardadas em latas de vinte litros para aguardar a engorda e o dia do próximo porco.
A lata e a gordura eram a geladeira da época.
Uma época de comportamento humanitário.
Tudo se foi: a criação de porcos, o respeito pelos animais e o comportamento humanitário.
Um dia, os grandes frigoríficos chegaram e impuseram leis restringindo este tipo de atividade doméstica.
Hoje, o porco se encontra congelado nas prateleiras dos supermercados.
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(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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