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Terça-feira, 06 / 04 / 10

Minhas memórias

Seu eu fosse um país, diria: estão destruindo as minhas memórias.

Sem brincadeira!

Esta semana dei uma volta por Olinda/PE e fiquei chocado.

Morador que fui de Olinda por quase 05 anos, calcei o meu chinelão de couro e fui atrás das minhas memórias: praças, barracas de praia, restaurantes, bares... pessoas.

Tudo acabado!

Procurei pela Barraca de Tia Amélia, nada!

Procurei pelo meu Chambaril preferido, sumiu!

O meu Queijo de Coalho, já era!

Minhas Agulhinhas Brancas, tchau!

A Fritada de Aratu, nem sinal!

O Caldinho do Esquina 90, evaporou!

Os Ovinhos de Codorna do Ceará, já eram!

O Bar da Buchadinha, beleléu!

Um resíduo do Bar Calamengau, graxa!... graxa!... graxa!...

Alguns amigos: mortos, ausentes, sumidos... desconhecidos!

O mais chocante foi a ausência do Bar mais importante de Olinda, no período que lá morei: O Xinxim Da Bahia, do meu amigo Élcio - o popular Xinxim.

Lá saboreávamos, além da presença sempre especial de Xinxim, uma boa Feijoada, um excelente Acarajé, um maravilhoso Cupim, um Cozido honesto, uma Cervejinha gelada... e um ambiente sempre agradável.

Tudo se foi.

No lugar, uma casa e um silêncio histórico.

Não me sobraram referências em Olinda.

Sou um país de quem extirparam um pedaço.

O mundo gira depressa demais pro meu gosto.

As coisas nascem e morrem, nascem e morrem, nascem e morrem, nascem e...

E nós ficamos atônitos, perdidos na ilha deserta da solidão humana.

Preciso preservar a minha história, senão, quando eu me for, vão me procurar pelas ruas por onde andei e não vão encontrar nem um rastro da minha presença na terra.

E eu não terei existido!

publicado por Antonio Medeiro às 08:32
Sábado, 05 / 12 / 09

Tentativa em João Teodoro

João Teodoro
vai capengando
comendo banana
com a filha mais nova
Ana.

 

No céu prateado
há um arado
desfigurado
emperrado
que é de João.

 

Não ara há muito
há muito não ara
há muito tempo
um pensamento
dominou João:

 

A minha terra
que não é minha
atrás da serra
há muito tempo
de quem será?

 

João Teodoro
desenha um navio
dá um assovio
baixa a cabeça
vai capengando.

 

A filha Ana
come banana
como uma boba
samaritana.

No céu prateado
um foguete alado
destrói o arado
desfigurado.

 

Há muita tristeza
nos olhos de João
de olhos cismados
sabe que o mundo
não é mais um mundo
só submundo
(i)mundo.

 

João Teodoro
escava a terra
atrás da serra
vai penetrando.

 

São sete palmos
as mãos sangrando
vai-se acabando
ao choro dos olhos
lambuzados de banana
da filha Ana.

 

No céu prateado
há um arado
um foguete alado
um choro cansado
por mais um João.

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sábado, 10 / 01 / 09

A PLANTAÇÃO II

Poemas Escolhidos

 

De pernas abertas
a fera espera
o arado da vida
o adubo da terra.

 

O plantio é doído
o regar é procela
no fundo da cova
a raiz se esmera.

 

A semente cresce
o tumor se eleva
a planta floresce
na carne da fera.

 

O fruto explode
é festa na terra
no fundo do olho
a vida se esmera.

.
TõeRoberto-10:20-post in jampa/pb

música: Variadas
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Segunda-feira, 15 / 12 / 08

O PEDIDO IX

Poemas Escolhidos

 

De mim não esperem nada
sou volúvel, poeta
efêmero como a rosa...
suas pétalas
obscuro como o discurso do profeta
ousado como kamikazes
na guerra.

 

Não tenho pátrias
nem quimeras
não sou desse presente
nem da terra
sou brilho
ponto
sujeira
num quarto de hotel
da Riviera.

 

Não pensem em mim
não me esperem
não passo de um acordo
não cumprido
com aqueles a quem mais amo
e considero.

.
TõeRoberto-09:26-post in jampa/pb

música: Because - Perry Como
publicado por Antonio Medeiro às 05:25
Domingo, 07 / 12 / 08

O PLANO

Poemas Escolhidos

 

Conto com você
para o meu plano:

 

eu aro a terra
você vai plantando

 

eu corto o mato
você vai limpando

 

eu busco água
você vai regando

 

eu colho a fruta
você vai transportando

 

eu abro o saco
você vai colocando

 

eu trago a carroça
você vai baldeando

 

eu ponho na balança
você vai retirando

 

eu faço as contas
você fica esperando

 

eu pego o dinheiro
você fica olhando

 

eu sento pra comer
você fica pensando

 

eu olho pra você
lhe dou uma banana.

 

Conto com você
para o meu plano:

 

enquanto eu vou vivendo
você vai macaqueando.

.
TõeRoberto:09:18-post in jampa/pb

música: Disparada - Geraldo Azevedo&Elba Ramalho
publicado por Antonio Medeiro às 04:58
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