Homens&Pássaros

pesquisar

 
Terça-feira, 29 / 06 / 10

A respeito do namoro

Eu também já fui namorado. Amei, fui amado, mandei flores, ganhei creme de barbear, fiz serenatas, comi pipoca no cinema, namorei no portão... dei e recebi muitos amassos.

Nunca levei namorada pra comer pizza, porque naqueles tempos, graças a Deus, isto não existia. A gente saía comido de casa e o chique, depois do cinema, era namorar no banco do jardim de baixo, no lugar mais escondidinho possível.

Naqueles tempos também não tinha motel. A transa também era pouca. A maioria das mulheres só dava depois de casadas. No máximo eram uns apertos bem arrochados no portão da donzela, de olho na porta da casa, porque naqueles tempos os pais não dormiam antes de os filhos e as filhas chegarem em casa.

Namorar no sofá era um atraso: a tv preto&branco - I Love Lucy, A Feiticeira, Mister Ed - o sogro cochilando de um lado, a sogra de outro e o pentelho do cunhadinho - parte com o diabo - enchendo o saco de minuto em minuto.

Mariquinha/maricota/com a direita/com a canhota. Descabelar o palhaço todos os dias, depois do namoro, era um ritual sagrado e importantíssimo: tirava a dor dos colhões.

Transar com a moça levava somente a duas coisas: casamento na marra, na delegacia - o delegado de padrinho; ou casar numa boa - na igreja - com a presença das famílias e dos amigos.

Casamentos na marra eram mais comuns entre o carnaval e os nove meses seguintes.

Tudo era muito diferente. A libido era selvagem, natural e não precisava de nenhum tipo de afrodisíaco para explodir. A mulher, naqueles tempos, era o melhor saquinho de amendoim que existia.

Mário Moreno, o Cantinflas, num de seus filmes, ao ver passar uma moça com um vestido um pouquinho acima dos tornozelos, diz: "Antigamente a gente olhava uma mulher e ficava imaginando como ela seria pelada; hoje a gente olha uma mulher e fica imaginando como ela seria vestida."

É o que se passa nos dias de hoje.

Mas, sinceramente, gosto mais dos tempos modernos; somos mais livres, mais abertos a novas experiências; vamos e voltamos mais vezes; vivenciamos questões sexuais com menos traumas; convivemos ou não com casamentos que nos incomodam; as mulheres, justiça seja feita, estão mais inseridas no contexto social e o conservadorismo de antigamente, ainda muito comum no nosso dia a dia, vai revendo seus conceitos e vai se adequando aos novos tempos.

E uma coisa eu digo: namorar é bom em qualquer época, independente de ser no banco do jardim de baixo, no portão da donzela, no sofá do sogro ou no motel.

Namorem bastante e tenham um bom dia!

PS: Por favor: creme de barbear, não!

publicado por Antonio Medeiro às 10:52
Segunda-feira, 29 / 06 / 09

SE EU FOSSE DEUS

Se Eu fosse Deus começaria tudo de novo!

A coisa não tem mais jeito. A continuar assim a minha tão perfeita criação vai se extinguir.

Primeiro Eu arrumaria um jeito - não se esqueça que sou Deus - de sumir com esta praga que tomou conta do planeta: nós!

Sei lá: arrumaria uma prisão-escola numa galáxia distante e colocaria todos nós lá, para que Eu pudesse ficar em paz para dar um jeito de arrumar a bagunça que está aqui embaixo.

A bagunça é tão grande que, mesmo sendo Deus, Eu iria demorar um bocado de tempo pra colocar tudo em ordem.

Vejamos:

A) - diminuir as cidades; devolver aos seus lugares primitivos os rios, os lagos, as montanhas; devolver aos seus lugares as plantas, as flores, os frutos, as aves, os animais, os peixes, as chuvas; verdejar os desertos, refazer as geleiras; refazer o verão, o outono, o inverno e a primavera; despoluir os rios, os mares, o ar, o solo; desaparecer com elementos naturais que Eu criei inadvertidamente: tipo urânio, ouro, diamante, prata, entre outros; desaparecer com políticos, empresários corruptos, os senhores da guerra e da fome; sumir com coisas que possam lembrar, poder, riqueza e cobiça.

B) - Devolver ao planeta as serenatas, a poesia, o modo simples de ser; devolver o contato com a natureza; o céu azul, os luares, os pores-de-sol; aquela pescadinha nas manhãs de domingo; aqueles passeios e namoros na pracinha da igreja, à noite, sem medo; aquele joguinho de futebol no campinho da rua de cima; aquela nadadinha no poço do Seu Delorenzo, no riozinho da pequena comunidade.

C) - Devolver as hortinhas de fundo de quintal, o porquinho no chiqueiro, as galinhas no galinheiro, a cisterna de água límpida e - se um pedacinho a mais de terra - aquela vaquinha leiteira.

D) - Devolver a cortesia, a educação: Bom-dia!, fulano. Boa-tarde!, sicrano. Boa-noite!, beltrano.

E) - Devolver a pureza e a educação aos jovens; a graça e a esperança aos velhos; devolver o prazer de pitar, sem culpas, aquele inocente cigarrinho de palha que sempre fez parte da nossa vida; devolver a virtude, a piedade, a compaixão, a amizade e a bondade aos nossos corações insensíveis.

Isto como primeiro passo. Aí Eu descansaria 07 dias e tiraria, dessa vez, a costela de Eva e nos reinventaria de novo.

Aí Eu pensaria mais 07 dias antes de trazer a praga de volta.

Se Eu fosse Deus sonharia com isto todos os dias.

Apenas sonho, porque sei que mesmo sendo Deus, salvar a minha criação é uma tarefa para o Deus que está acima de mim, o Deus das causas perdidas, o Deus que, de vez em quando, me puxa as orelhas por Eu ter criado o predador que está destruindo a minha própria obra-prima.

Se Eu fosse Deus pensaria nisto.

E acho que deixaria a praga na prisão-escola da galáxia distante por pelos menos uns 20 séculos.

Tempo para que tudo voltasse ao normal.
.
TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Blog de TõeRoberto

Julho 2012

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Comentários recentes

  • Sem palavras, silenciou e falou.Sem Palavras! Caro...
  • Caro TõeRoberto,Exceto pela parte do dedo no vidro...
  • Elimine os filtros, Primo! Não é fácil... eu que o...
  • show de bola o texto, especialmente as frases fina...
  • Olá, desculpa o meu Português não escrever bem per...

blogs SAPO


Universidade de Aveiro