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Sexta-feira, 27 / 01 / 12

O puteiro

Morra de inveja!


Sou um cara privilegiado.


Sou vizinho de uma casa de mulheres de 'difícil vida fácil', ou de 'fácil vida difícil'.


Politicamente correto falando: sou vizinho de um puteiro.


Um puteiro moderno.


Entrega em domicílio, massagens, hora marcada, aula de danças... internet.


Discretos como todo bom vizinho deve ser, jamais aborrecem e, como acontece em toda casa, uma briguinha de vez em quando onde a palavra 'puta', não sei o porquê, é sempre mencionada.


Às vezes, no silêncio da noite, ouço leves ruídos, como um roçar de asas, algo como um gemido, talvez uma repressão à dor, ao prazer, ao amor, ao ódio que não se pode manifestar livremente no meio da vizinhança alerta.


E sinto, com os meus botões, que vão cumprindo o seu desígnio de psicólogas natas: curam momentaneamente a solidão, o rompante, a timidez, a voracidade... as almas carentes de uma mão na cabeça, de uma conversa fiada, de um sorriso forçado.


Me parecem livres, embora tenham dono, e cantam, e criam os seus poodles e vivem aparentemente aguardando a terrível idade que chega.


Me parecem livres, mas vivem na corda bamba da sua falsa beleza, do seu falar ensaiado, do seu querer não querendo.


Me parecem livres, mas às vezes choram de mansinho acalentadas pela esperança de que esta noite será melhor que a noite de ontem.


E são pessoas como todas as outras: gente simples que vai ao supermercado, ao médico, ao cinema, à escola... à igreja.


Misturadas no meio do burburinho da cidade são pessoas como a nossa tia, a nossa irmã... a nossa mãe.


Anônimas são respeitadas, chamadas de senhoras, senhoritas, estes nomes que a sociedade hipócrita usa para disfarçar a mascarada instituição familiar, onde a prostituição doméstica é muito mais comum do que se pensa.


São minhas vizinhas!


Melhores, bem melhores que muitos vizinhos que tive pela vida afora!


TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 18:11
Quinta-feira, 31 / 03 / 11

A broxada

Não há nada pior, para um homem, que uma broxada.

Foi o que aconteceu com Geraldão.

Zoneiro velho, solteirão convicto, famoso pela sua performance sexual - estava ali, agora, ao lado de Mirilinha, a puta mais gostosa da zona -, o pau desmoralizado.

O que pra ele foi sempre fácil - subir o pau - tornara-se um pesadelo.

Mirilinha fez de tudo:

Mão, boca, peitos, bunda, pés...

Nada fez aquele gigante adormecido acordar.

Passou a língua por ali, por aqui, por acolá, fez cócegas nas bolas, mexeu, mexeu, jogou pra lá, pra cá, beijou de novo, de novo..., nada!

O Golias cabeça baixa estava, cabeça baixa ficou.

"Isso acontece! é assim mesmo! não foi tão mal assim! você é foda! você é gostoso! amanhã você volta!"

Nada! nada que Mirilinha fizesse, ou falasse, adiantava.

O estrago estava feito.

Geraldão tinha broxado.

E era um segredo para o resto da sua vida.

Homem é assim: a conta tá no vermelho, foi protestado, o Corinthians perdeu, o banco tomou a casa, a mulher foi embora com o leiteiro - tudo bem!

Isto a gente se vira!

Mas broxar???

Broxar é o supremo fracasso da raça masculina.

Os homens se apegam à rigidez do seu membro e o empunha como um troféu a ser conquistado.

A flacidez incontrolada do membro o coloca numa posição inferior em relação aos outros da sua espécie.

E isto o deprime, o magoa... e envergonha.

Isso se não se tornar público!

Se tornar público aí é motivo de suicídio.

Geraldão subiu no cavalo, cabisbaixo, e saiu do puteiro.

No caminho, vergonha e desespero aplaudiam a sua vontade de se matar.

A viagem até a sua casa foi sofrida e sofrida... e sofrida.

Em casa, pelado, se preparava para dormir quando, do nada, o pau acordou.

Olhou para o membro - matuto que era - e pensou: fio da puta!, cachorro!, sem-vergonha!

Mas fazer o quê?

No outro dia, subiu no cavalo, dirigiu-se ao puteiro, pegou Mirilinha, levou-a ao cartório e casou-se com ela sem testemunhas.

Era a única maneira de manter a sua broxada em segredo.

Dali pra frente acostumou-se a broxar.

Mas aí é outra história: é assunto caseiro, e com a mulher da gente a gente pode broxar em paz... e em segredo.

E você, quantas broxadas este mês?

publicado por Antonio Medeiro às 03:05
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