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Terça-feira, 03 / 08 / 10

Céu de ferro

O céu me parece ferro
uma mina de Minas ao céu aberto
e os meus olhos ardem às 22:17 da noite
na cidade de Santos
do mar de ferro
dos homens de ferro
no porto.

Um incidente qualquer poderia acontecer.
Um navio naufragar.
O céu cair.
O relógio andar.
E eu respirar.

Está tudo tão quieto na cidade de Santos.
Está tudo tão igual.
Tudo tão morto.
Tudo sem fôlego.
Está tudo eu na cidade de Santos.

Um incidente qualquer poderia acontecer.
E se eu não estivesse sozinho?
E se eu não escrevesse este poema?
E se eu não pensasse nisto?
E se eu me matasse por engano?

Se o céu não fosse tão duro
certamente eu estaria
no alto do Monte Serrat
à procura de uma estrela.

Mas o céu é tão duro
tão presente
e o porto tão quieto
tão distante
que eu penso nisto.

E por isto eu me consinto
a crer que o meu silêncio
é impossível
que o meu silêncio é parecido
com a alma que carrego
noite acima.
(Santos/SP-Sexta-feira-22:36hs)

publicado por Antonio Medeiro às 16:07
Quarta-feira, 12 / 11 / 08

O ELEVADOR

Textos Escolhidos

 

Nasci mineiro, mineiro me criei!

Em Minas, quando a gente entrava na escola, a sentença nos era dada logo na primeira série:"cresce, meu fio, estude bastante pra, quando crescê, ir imbora trabaiá em São Paulo!"

Mineiro crescia com esta sina.

Assim foi!

O primeiro contato de um caipira com São Paulo é assustador: buzinas, gente, estranhos, olhos ardendo, falta de educação, movimento, escada rolante, verticalidade, medo... elevadores.

Não foi diferente comigo!

A cidade me engoliu e me reeducou para ela.

Segunda-feira - 08 da manhã - hora do rush: carros, ônibus, passeios, lanchonetes, prédios, escadas, escadas rolantes, elevadores... tudo cheio de gente!

Fulltime era o nome da empresa de empregos temporários.

Endereço: Praça D. José Gaspar, nº Y - 11º andar - Centro - São Paulo.

Entro no elevador abarrotado de gente e, ingenuamente, pergunto:

Eu: passa no 11º andar?

Ascensorista: - olhou para mim, olhou para as pessoas, olhou novamente para mim - "Não, não passa! O elevador vai até o 10º andar, depois sai pela janela do prédio, pula o 11º, volta novamente pela janela, entra no 12º e aí continua até o 15º que é o último andar!"

Risos!

Fiquei vermelho e, desde então, passei a respeitar o mau humor dos paulistanos, nas segundas-feiras.

É um fato: mineiro, em São Paulo, aprendia na porrada.

Bons tempos aqueles!
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Sampa - Caetano Veloso
publicado por Antonio Medeiro às 05:05
Blog de TõeRoberto

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