Homens&Pássaros

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Terça-feira, 19 / 01 / 10

República

Palco: São Paulo.

Local: Rua Afrodízio Vidigal: Vila Maria Alta

Anos: 73/75.

Personagens: Israel, Eliseu, Jesus, Stela, Arnaud, Messias, Vera... e eu.

Éramos os meninos da Vidigal.

Os irmãos Israel/Eliseu e Jesus/Stela, de Tupi Paulista; Vera também; Arnaud e Messias, de Boa Esperança; eu, de Guaranésia.

Grupo heterogêneo: ideias, valores, educação, condições financeiras, aptidões, sonhos diferentes.

Uma coisa em comum: dividir um espaço, se respeitar... e sobreviver.

Louça, roupa, casa, pia sujas. Luz cortada. Água desligada. Música alta. Luz acesa. Coisas jogadas. Cueca pelo chão. Sutiã na mesa da cozinha, Cadê a minha camisa? O meu livro? A minha calcinha? A minha escova de dentes. Barracos! Barracos! Barracos! Pau! Pau! Pau! Porra! Porra! Porra!

Festas, música, poesia, piadas, brincadeiras, histórias, meninas. Risos! Risos! Risos! Legal! Legal! Legal! Oba! Oba! Oba!

Fome! Fome! Fome!

Cardápios inusitados:

Salmoura quente para acalmar o dragão da fome e dormir.

Farinha com água e sal.

Pão amanhecido molhado na água.

Tubaína com broa de fubá para inchar o estômago.

Chuchu cozido sem sal - minha pressão é legal até hoje.

Arroz com arroz acompanhado de arroz.

Bolacha de maizena com bolacha de água e sal.

Pão com ovo. Pão com ovo. Pão com ovo.

Pão com ovo, só pra variar.

Iguarias quase sempre acompanhadas pelo violão de Messias ou poesias minhas e de Israel.

Mas milagres acontecem: nesses anos o Miojo foi inventado. O Miojo revolucionou a vida nas repúblicas. A qualidade de vida melhorou muito. Até os miseráveis das repúblicas pobres - nosso caso - passaram a ter comida. Fome nunca mais!

As mulheres na República não eram muitas, mas transitavam soltas. Arnaud era o garanhão da Vidigal.

Comia - numa época - Railda, a mulher de um cobrador de ônibus.

República movimentada, sempre uma chave disponível no vitrô quebrado da cozinha.

Uma noite: acordei, quarto escuro, só eu e Arnaud na República - uma voz:

Porra, cara! tu tá comendo a minha mulher!

Gelei.

Arnaud: Eeeuuu?

È cara!, apertei e ela me contou. Até onde ficava a chave.

Arnaud: Eeeuuu!

Puxei o cobertor na cabeça e pensei: esse cara não vai deixar testemunhas.

Arnaud: Mas... mas... mas... sa-be... na-na-nada a ver! É só...

Olha só vim aqui dar um aviso: fica longe da Railda!

Escutei os passos no assoalho: o sujeito foi embora.

Graças a Deus o sujeito era corno... e manso, muito manso!!!

No escuro gritei com Arnaud: seu filho-da-puta, cê quer matar a gente, seu corno!

Meses depois, Arnaud encostou uma caminhonete na porta da República e levou tudo que ele julgava ser dele.

Jesus, ao chegar em casa, subiu aos céus, pediu a ajuda do Pai, gritou, esperneou e se conformou.

Não sei por onde andam!

Mas onde estiverem: tô com uma puta saudade de todos vocês.

Afinal de contas, vivemos, convivemos e estudamos na mesma Universidade Da Vida: A República da Vidigal.
.
TõeRoberto-post in férias por aí/br

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Terça-feira, 04 / 11 / 08

A PELEJA

Textos Escolhidos

 

Vamos chamar os personagens de Zé Adriano e D. Chica.

Ele, cambista; ela, proprietária do prostíbulo.

Ele, com algum tipo de paralisia no braço e na perna direitos; ela uma negra volumosa, com um par de seios enormes.

Zé Adriano, comensal do prostíbulo, era muito querido pelas meninas, pelo tamanho e pela virilidade do seu membro.

D. Chica, famosa pela sua voluptuosidade e pela pergunta: com peito ou sem peito?

Com, os peitos ficavam onde estavam; sem, eram jogados nas costas.

Viviam sempre juntos e, no entanto, Zé Adriano e D. Chica nunca se cruzaram.

Corria, à boca miúda, que D.Chica não agüentaria Zé Adriano numa maratona sexual.

Chiquinho bilheteiro, baixinho, fã de D. Chica, não gostava dessa conversa e resolveu pôr um fim no assunto: organizou uma peleja sexual entre os dois.

Foram 3 dias e 3 noites na cama: sem beber, sem comer e sem dormir: nada!, o assunto continuava pendente.

Num lance de gênio, Chiquinho bilheteiro apareceu no prostíbulo com um prego de uns 20 cm e um pedaço de peroba-rosa e entregou a Zé Adriano.

Zé Adriano, usando o membro como martelo, diante do espanto geral dos presentes, enfiou 15 cm do prego na peroba.

D. Chica levantou a saia, subiu em cima do pedaço de madeira, ficou de cócoras e, diante do ooooooooooh! da platéia, extraiu o prego usando apenas o seu instrumento de trabalho.

Zé Adriano, cabisbaixo, estendeu a mão a D.Chica e jogou a toalha.

É o que me consta. Os fatos estão guardados no museu da minha memória.
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Camisa Listrada - Chorinhos
publicado por Antonio Medeiro às 05:07
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