Homens&Pássaros

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Terça-feira, 30 / 03 / 10

Vendo o mar

Cantatas
prelúdios
serestas
hinos.

Orquestra sinfônica
do instinto.

O mar:
verde música
do menino.

publicado por Antonio Medeiro às 09:53
Domingo, 20 / 12 / 09

O mar

Ontem à tarde, sentado diante do mar de João Pessoa - aquela cervejinha gelada - me veio à cabeça o poema "Privilégio do Mar", de Drummond.

"Neste terraço mediocremente confortável
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vêm cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis
.Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja."

Declamando o poema mentalmente, aconcheguei-me na cadeira, sorvi vagarosamente, aos goles, aquela maravilhosa cerveja e bati o pé no chão.

Realmente, o edifício era sólido e pessoas, com ar de cansadas, respiravam a brisa fresca do mar.

E na baía, diante de mim, no horizonte azul do mar de João Pessoa, apenas 01 ou 02 velas brancas - longe - e 01 ou 02 gaivotas - em voo calmo - ameaçavam a paz da humanidade.

Em Brasília, nada disso sabem.

Sabem apenas que o Brasil é deles e navega em águas mansas - marinheiros fidelíssimos - e esquadras cordiais.

A cerveja, não sei se Skol, desceu redonda e eu senti no peito o privilégio de estar diante do mar e de - afinal de contas - ser brasileiro, mesmo que honradamente...

O garçom, sem nada saber, me trouxe outra cerveja.

No horizonte, velas e gaivotas se fundiram e o cavalo negro da noite sobrevoou o verde mar de João Pessoa com suas asas enluaradas.

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Terça-feira, 10 / 03 / 09

BRINCADEIRA

A menina e seu avô brincam com o mar.

 

Estrelas-do-mar
peixes
mariscos
e outros seres
à volta deles
cantam o hino nacional.

 

A menina e seu avô brincam com o mar.

 

De resto
tudo é silêncio
que o mar exige para brincar.
.
TõeRoberto-post in férias por aí/br

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quarta-feira, 14 / 01 / 09

A 9ª PEQUENA HISTÓRIA DE UM ACONTECIMENTO

Poemas Escolhidos

 

Uma mulher e seu cachorro
diante do mar
falou-me dos homens que sofrem
e sua boca espumava
e seus olhos molhavam
como se o mar tivesse invadido
a cabeça daquela mulher e seu cachorro
e agora derramasse gota por gota
peixe por peixe
coral por coral
de dentro da cabeça
daquela mulher e seu cachorro.

 

Depois aquela mulher saiu com seu cachorro
e eu fiquei olhando
aquela mulher e seu cachorro
e seus rastros na areia.

Aquela mulher e seu cachorro
pareceu-me bem
pelos rastros que deixava na areia
aquela mulher e seu cachorro.

 

Aquela mulher e seu cachorro
parava a cada homem
a cada mulher
a cada criança
a cada onda
e falava dos homens que sofrem
aquela mulher e seu cachorro.

 

De espaço em espaço
longe dos seus rastros
aquela mulher jogava uma migalha
de pão
carne
ou qualquer coisa
para o seu cachorro.

 

O seu cachorro corria
comia
voltava
e lambia os pés daquela mulher
o seu cachorro.

Depois aquela mulher e seu cachorro
continuava pela praia
como se a coisa mais importante do mundo
diante do mar
fosse falar dos homens que sofrem
correr
comer
lamber pés
e fazer rastros retos e circulares
na areia negra de Marambaia
aquela mulher e seu cachorro.

.
TõeRoberto-10:24-post in jampa/pb

música: Variadas
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Terça-feira, 06 / 01 / 09

OBSERVAÇÃO

 Poemas Escolhidos

 

Ninguém vê o mar.

Ninguém se dá conta
da sua presença.

 

Todos veem o mar
com a pele
os pelos.

 

Ninguém vê o mar
com os olhos.

 

Eu tento
mas meus olhos
são pequenos.

.
TõeRoberto-post in Jampa/pb

música: A White Shade Of Peale - Pholhas
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quinta-feira, 04 / 12 / 08

A GALEGA

Textos Escolhidos

 

Me fala se brasileiro não é um sujeito sem-vergonha!

Olha a história,  é curta:

Calçadão da Praia do Tambáu - Segunda-Feira - 07 horas.

A galega, loira falsa, pernas grossas, peitões - daqueles que os mineiros falam: "se num dé 100 litros eu meto o pé no barde!" - biquíni branco, minúsculo, feia que só um processo de desacato ao Maluf, vem, exibida, pelo calçadão, se achando a rainha da soja brasileira.

Alvissareira: bunda pra trás, peitões pra frente... a feiúra...

A galega passa por um sujeito, "coroão", encostado no muro do hotel.

O sujeito: SIN...CE...RA...MEN...TE!!!

Te falo: tô até agora sem entender!

Não tenho a menor idéia do que o "SIN...CE...RA...MEN...TE!" do sujeito quis dizer.

Não sei se ele fez a exclamação pensando:

"Porra, que galega gostosa! Vem cá, meu bem! Vem conhecer a tua sogra! Vem ser a mãe dos meus filhos!" Ou: "Te enxerga, mulher! Vai ser feia assim lá na esquina! Sai da frente do mar! Tu num tem vergonha na cara?"

Fiquei na dúvida, mas como o brasileiro, em relação a mulher, é um sujeito realmente sem-vergonha, principalmente os nordestinos, eu vou dar uma chance pra galega e ficar com a primeira alternativa.

Vamos combinar: o sujeito achou a galega gostosa!

SIN...CE...RA...MEN...TE!!!

Só com umas cachaças na cabeça e um travesseiro na cara... na dela, é claro!
.
TõeRoberto-10:03-post in jampa/pb

música: Esperando Na Janela - Gilberto Gil
publicado por Antonio Medeiro às 04:56
Domingo, 16 / 11 / 08

A EMPRESA

Textos Escolhidos

 

Andei pensando: cansei de ser pobre! Tô a fim de enricar!

Pensei: fazer o quê? Eu não sei fazer nada que dê dinheiro, só sei gastar!

Pensei! Pensei! Pensei! Bingo!!! Vou abrir uma empresa de realidade virtual.

Produtos: gatos e gatas para praias, acompanhados de trilhas sonoras.

Tipo assim:

Praia deserta, segunda-feira - 07 horas da manhã.

Você, caminhando solitário, pensando, digamos... nas dívidas do seu cartão de crédito.

Surge, no horizonte, em câmara lenta, uma figura linda, livre, perfeita, espontânea; um deus ou deusa da beleza e do sexo.

Como no cinema - sem saber de onde - aquele ser e aquela música invadem a praia.

Tipo:

Para mulheres: o Leonardo de Capri, a música do Titanic.

Para homens: a Kelly McGillis, a música do Top Gun.

O ser iluminado se aproxima, os olhos da cor do mar olham nos seus olhos, a pele dourada reflete a luz do sol, a boca carnuda murmura o seu nome, os trajes são ínfimos e transparentes e você se torna o personagem principal de um filme ardente, romântico e lindo.

A música aumenta o volume... arrepia, fica frenética; você se enlaça àquele ser maravilhoso e... dança, dança, dança; rola na areia da praia e se acaba nos braços daquele pedaço de mau caminho.

Óbvio que a empresa oferecerá muitos planos: 01, 02, 05, 10... X minutos de desvarios.

Pacotes cheios no final de semana: 01, 02, 04, 06... Y horas de desvarios.

A empresa tem grande capacidade de expansão: podemos atuar em praças públicas, parques, no fundo do mar, conveses de navios, estradas desertas, ruas escuras, nos campos floridos, nas montanhas...etc.

Tô precisando de um sócio, alguém se interessa?

Vou enricar, na certa!
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Take My Breath Away - Berlim
publicado por Antonio Medeiro às 06:04
Blog de TõeRoberto

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