Homens&Pássaros

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Terça-feira, 30 / 03 / 10

Vendo o mar

Cantatas
prelúdios
serestas
hinos.

Orquestra sinfônica
do instinto.

O mar:
verde música
do menino.

publicado por Antonio Medeiro às 09:53
Sábado, 03 / 01 / 09

MÚSICA

Textos Escolhidos

 

Sabe quando você está absorto, vazio... ausente?

Quando você está com aquela sensação de saudade de algo longínquo, esquecido e, do nada, uma determinada música chega aos seus ouvidos.

E ela vai lhe penetrando como uma onda morna e começa a se esparramar pelas suas vísceras, pelos seus ossos, pelo coração e a pele.

E você respira fundo... fundo!!!

E uma sensação de dor e gozo toma conta de todo o seu corpo.

E você não sabe se está sofrendo ou tendo orgasmos.

E você não sabe se está angustiado ou extasiado.

Aflito ou sereno.

Dormindo ou acordado.

Sabe quando você sente a vida e a morte cantando dentro de você, circulando rápidas, quentes, aos turbilhões por dentro das suas veias.

E você não sabe se emerge ou afunda.

Se grita ou se cala.

Se bebe ou se fuma.

Se chora ou se ri.

E aquela saudade de algo profundo, perdido em você, de longe lhe acena e as imagens se embaralham e clareiam... se embaralham e clareiam, e algo dói gostoso, dolorido dentro do seu âmago sublimado.

E a música avança; é um projétil pontiagudo machucando e afagando o peito e você, de olhos fechados, sente um arrepio subir pelas pernas, pela coluna, pela barriga, pelo esôfago.

E aquele arrepio de frio, mormaço; aquele arrepio de ferida, unguento, percorre a sua alma e seus elementos mais profundos.

Aquele arrepio único!

A música se vai, você abre os olhos, respira fundo e está de volta ao mundo.

Esse é um momento mágico. Entregue-se a ele com o corpo e alma.

Não acontece todos os dias!

E entenda uma coisa: é um grande privilégio ser capaz de vivenciar esse momento. Um grande número de pessoas nunca vai senti-lo.

É preciso ser especial para viajar na eloquente sensibilidade da música.
.
TõeRoberto-11:06-post in jampa/pb

música: Águas De Março - Tom Jobim&Elis Regina
publicado por Antonio Medeiro às 05:29
Sábado, 20 / 12 / 08

O CO-RESPONSÁVEL

Textos Escolhidos

 

O senhor é um homem muito religioso? Católico, evangélico ou outra religião? Paga seu dízimo à igreja, sempre dá esmolas e reza por um mundo melhor?

Torce, com amor, para o Corinthians, Palmeiras, Flamengo, outro time qualquer?

É assíduo consumidor de música americana, axé, dos amigos da Globo, dos pagodeiros e da Banda Calypso?

Assiste, religiosamente, aos domingos o Faustão, o Gugu, o Silvio Santos e o Fantástico?

Acompanha, com paixão, o Big Brother, o Jornal Nacional e todas as novelas da televisão?

Não faz outra coisa na vida a não ser juntar dinheiro, acumular bens e para isto faz o que for preciso fazer, não importando o quê?

Trabalha, todos os dias, de sol a sol para sustentar a sua família e pagar as contas em dia?

Apoiou, com convicção, a invasão do Iraque e o combate ao terrorismo organizado pelo governo Bush?

Sempre apoiou, com aquele orgulho tupiniquim, as safras de políticos que estão no Brasil desde 1500: ACM, Carlos Lacerda, Maluf, Jader Barbalho, Sarney, FHC, Jânio Quadros, Getúlio Vargas, Brizola, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e muitos outros dos quais não me lembro o nome?

Se julga um cidadão honesto, cumpridor dos seus deveres, um cidadão que mete o pau no governo, nos preços, na saúde, na educação e na falta de empregos?

É um cidadão que fica horrorizado com a crueldade hedionda do ser humano?

O senhor se sente orgulhoso de ser e fazer tudo isto que eu falei? Bom!!!

Infelizmente, tenho uma péssima notícia para dar ao senhor: apesar de toda sua boa vontade, da sua honestidade, da sua aproximação com Deus, o senhor é co-responsável por toda essa merda em que se transformou o mundo.

Sabe por quê? Porque, embora o senhor pense como um cidadão de bem, perdeu todo e qualquer contato com a verdadeira identidade de um ser humano despojado de egoísmo, de cobiça e de ganância, essas coisas que formam o caráter do cidadão moderno.

O senhor foi educado para competir, ganhar, vencer, estar por cima - ser o maioral mesmo. O que importa é o senhor. O resto é que se dane! Eu cuido da minha vida, você cuida da sua! É a lei da selva. Salve-se quem puder! Viva eu!

Devo dizer que o senhor está de parabéns: o senhor é um cidadão Socialmente, Economicamente, Religiosamente, Politicamente Correto e Globalizado.

Uma última pergunta: há quanto tempo o senhor não lê um poema? O senhor está precisando colocar um pouco de poesia na sua vida.

Experimente!
.
TõeRoberto-10:23-post in jampa/pb

música: Impossible Dream - Ray Conniff
publicado por Antonio Medeiro às 07:07
Quinta-feira, 18 / 12 / 08

O ANIVERSÁRIO

Textos Escolhidos

 

Lembro-me, como se fosse hoje, do dia do meu nascimento.

Através dos olhos da minha mãe, lá no céu, eu via a lua: grande, pensativa, majestosa.

Pelas suas narinas eu sentia o forte perfume das damas-da-noite e me sentia tranqüilo.

Através da sua mão, na barriga, eu me sentia protegido e pronto para o maior evento da minha vida.

Pelos seus ouvidos, ouvia a orquestra:

"Ai, ai, ai, ai/está chegando a hora/o dia já vem raiando meu bem/eu tenho..."

Mas eu não nasci assim... digo, assim de qualquer jeito; tipo: numa cama ou num hospital.

Você não sabe, mas o Brasil preparou uma grande festa para a minha chegada: bumbos, tambores, zabumbas, pistons, clarinetas, saxofones, tubas, cornetas, sanfonas, fantasias, cantos, danças, muita euforia, alegria e ... as trombetas!

Pelos sentidos da minha mãe eu participava da festa: era muita música... música... música, muita alegria... alegria, vibração... muita vibração!

Festa! Festa! Foram muitos dias de festa!

No dia em que nasci eu senti que a festa estava no seu auge.

Minha mãe dançava de alegria, as pessoas em êxtase, as orquestras extrapolavam os seus limites.

O Brasil, ansioso, aguardava.

De repente, do nada, sem mais nem menos, às 4:10 da manhã, de uma quarta-feira de cinzas, eu cheguei.

Caí e saí pulando no meio do salão cheio de gente.

Não tivesse Macunaíma nascido em 1926...

As pessoas: "Chegou/chegou/General da Bandaê, ê, ê..."

A orquestra: "Ma ma ma ma mãe eu quero/mamãe eu quero/mamãe eu quero mamar/me dá a chupeta..."

Minha mãe: "Menino/você é um docinho de coco/tá me deixando louca/tá me deixando louca..."

Eu: "Daqui eu não saio/daqui ninguém me tira..."

E aqui estou e... confesso: o mundo é muito melhor do que eu esperava!

Chega de conversa! Eu vou é sair, comprar umas cervejas, um engov, um tira-gosto, colocar o cd do Chico para tocar e vou encher a cara.

Parabéns para mim, naquela  data...
.
TõeRoberto-10:21-post in jampa/pb

música: O Bêbado E A Equilibrista - João Bosco
publicado por Antonio Medeiro às 05:17
Sábado, 06 / 12 / 08

O MEU AMIGO LOURENÇO

Textos Escolhidos

 

"Ando devagar
porque já tive pressa
e levo esse sorriso
porque já chorei demais.

 

Hoje me sinto mais forte
mais feliz, quem sabe,
eu só levo a certeza
de que muito pouco sei.
Eu nada sei..."

 

A música de Almir Sater pegou-me de surpresa... e veio-me à lembrança o meu amigo Lourenço.

Ele se foi num Dezembro, moço, no auge da vida e dos sonhos.

Muitas coisas tinha ainda a fazer: criar as filhas, mudar-se para Natal, aprender a tocar viola, ascender profissionalmente, fazer pizzas maravilhosas, muitos... muitos churrascos deliciosos.... macarronadas italianíssimas e ... onde eu estivesse, passar as férias em minha casa.

Saudades!

Amava viajar, principalmente para o Nordeste.

Grandão, boca-dura, agitador, falador, bravo, comilão, malcriado... ITALIANO!!!

Tudo de mentirinha: A boca era de leão; as mãos" desse tamanhão"!; mas o coração de passarinho, as asas de borboleta, a ingenuidade de criança.

Ele era uma criança!

Só não era perfeito porque, infelizmente, tinha 03 grandes defeitos: era Corintiano, gostava da Antarctica de São Paulo e fazia café muito forte.

Em relação à cerveja dizia: "é cerveja de macho, feita com a água do Tietê!"

Tínhamos uma história juntos: risos, choros, doenças, culinária, música, cerveja, piadas... horas e horas de risos, tirando sarro dos outros.

Numa época ruim da minha vida, foi meu companheiro inseparável.

Os filhos crescerem juntos, as mulheres fofocaram juntas, os cachorros viveram juntos, os amigos, todos , em comum.

Uma pena! A vida nem sempre é justa! Mas acho que pra ele foi tudo bem: era um grande otimista.

Viveu pouco, mas com intensidade suficiente para somar 100 anos.

Era do tipo de pessoa que, hoje, está em extinção.

A música flutua e.... dói!

Um minuto de silêncio, por favor!

(...)

"Todo mundo ama um dia,
todo mundo chora,
um dia a gente chega
e no outro vai embora.

 

Cada um de nós compõe
a sua história
e cada ser em si
carrega o dom de ser capaz,
de ser feliz..."

.
TõeRoberto-10:05-oist ub jampa/pb

música: Ando Devagar - Almir Sater
publicado por Antonio Medeiro às 05:58
Domingo, 16 / 11 / 08

A EMPRESA

Textos Escolhidos

 

Andei pensando: cansei de ser pobre! Tô a fim de enricar!

Pensei: fazer o quê? Eu não sei fazer nada que dê dinheiro, só sei gastar!

Pensei! Pensei! Pensei! Bingo!!! Vou abrir uma empresa de realidade virtual.

Produtos: gatos e gatas para praias, acompanhados de trilhas sonoras.

Tipo assim:

Praia deserta, segunda-feira - 07 horas da manhã.

Você, caminhando solitário, pensando, digamos... nas dívidas do seu cartão de crédito.

Surge, no horizonte, em câmara lenta, uma figura linda, livre, perfeita, espontânea; um deus ou deusa da beleza e do sexo.

Como no cinema - sem saber de onde - aquele ser e aquela música invadem a praia.

Tipo:

Para mulheres: o Leonardo de Capri, a música do Titanic.

Para homens: a Kelly McGillis, a música do Top Gun.

O ser iluminado se aproxima, os olhos da cor do mar olham nos seus olhos, a pele dourada reflete a luz do sol, a boca carnuda murmura o seu nome, os trajes são ínfimos e transparentes e você se torna o personagem principal de um filme ardente, romântico e lindo.

A música aumenta o volume... arrepia, fica frenética; você se enlaça àquele ser maravilhoso e... dança, dança, dança; rola na areia da praia e se acaba nos braços daquele pedaço de mau caminho.

Óbvio que a empresa oferecerá muitos planos: 01, 02, 05, 10... X minutos de desvarios.

Pacotes cheios no final de semana: 01, 02, 04, 06... Y horas de desvarios.

A empresa tem grande capacidade de expansão: podemos atuar em praças públicas, parques, no fundo do mar, conveses de navios, estradas desertas, ruas escuras, nos campos floridos, nas montanhas...etc.

Tô precisando de um sócio, alguém se interessa?

Vou enricar, na certa!
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Take My Breath Away - Berlim
publicado por Antonio Medeiro às 06:04
Quinta-feira, 23 / 10 / 08

QUE NÃO VOLTA MAIS

Textos Escolhidos

 

Lendo Cem Anos de Solidão me veio à memória meu antigo professor de matemática.

Não entendi o porquê, mas acho que por ser muito parecido com personagens do realismo mágico, da literatura latino-americana.

Dr. João!

Figura classuda, sisudo, justo, cabelos prateados, seu eterno terno de linho cinza-claro e seu humor irrepreensível.

"Seu Medeiros! - profetizava - o sr. nunca vai ser nada na vida!", ao entregar a minha prova, sempre de notinhas baixas.

Que vergonha!

"Seu Torquato - irônico - guarde o membrinho para brincar em casa!" Para o menino Torquato que mexia no piu-piu lá no fundo da sala.

"Quem foi?" - se passando por bravo - depois de levar uma bolada de papel grudado com cuspe bem no meio das costas. O menino Gueigue saindo da sala de mansinho.

"Ah, seu Salomão, não ameace o seu Medeiros para que ele lhe passe cola! Ele também não sabe!"

"Hoje, para fazer a prova, podem colar. Abram os livros!"

Ô tristeza! Era notinha baixa na certa!

O terno sempre cheio de picão. Andávamos com os bolsos cheios e ele era nossa vítima preferida. Via e fingia que não via.

Uma figura para se lembrar.

Os alto-falantes do pátio do colégio:

"Siempre que te pregunto/que cuando, como e donde/tu siempre me respondes/quizás, quizás, quizás..."

Havia, naquela época, um romance no ar.

Em março de 64, o romance e a música saem do ar.

Os coturnos e o toque de recolher entram nos pátios e nos alto-falantes das escolas.

Carregava isto comigo, precisava contar.

Só para relembrar aquele tempo que - espero - não volta nunca mais!
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Quizás, Quizás, Quizás - Lucho Gatica&Pery Ribeiro
publicado por Antonio Medeiro às 05:40
Blog de TõeRoberto

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