A maior esperteza do diabo, dizem, é fazer o mundo pensar que ele não existe.
Beraldo não sabia disso no dia em que viu Josineide pela primeira e única vez.
Beraldo trabalha no Bradesco. Sua mesa, de frente para a parede de vidro, de frente para o ponto de ônibus.
Beraldo a viu pelo vidro: parada no ponto de ônibus, morena, sainha jeans - curta - blusinha branca - decotada - passava a língua pelos lábios carnudos e vermelhos no exato momento em que Beraldo a viu.
Pense numa coisa bonitinha! Essa coisa era Josineide.
Sabe o filme do Máskara, quando o coração de Jim Carrey saltou para fora do peito e ele uivou como o Pluto quando viu a Cameron Diaz dançando? Assim aconteceu com Beraldo quando viu Josineide passando a língua pelos lábios carnudos e vermelhos.
Se babou todo, até lágrima saiu tamanha a paixão que tomou conta do seu coração desesperado.
Josineide, pelo vidro, viu que ele viu. Colocou aqueles olhos verdes sem tamanho bem dentro dos olhos de Beraldo e deu uma arrumadinha na calcinha, lado direito, na frente, por cima do jeans e tirou o cabelo da testa.
As pernas de Beraldo amoleceram e um arrepio subiu da sola dos pés e arrepiou os cabelos. Abriu a boca... só babou!
Os olhos verdes em cima de Beraldo, abaixou-se para pegar alguma coisa no chão: os peitinhos saltaram para fora, empinadinhos, rosados... oferecidos! 1 milhão de segundos foi o que durou a cena para Beraldo... e ele babou!
Os olhos verdes em cima de Beraldo, Josineide sorriu, de leve, com o cantinho esquerdo daqueles lábios carnudos e vermelhos. Arrumou novamente a calcinha, agora pelo lado esquerdo, atrás, por cima do jeans e tirou o cabelo da testa.
Beraldo uivou novamente... e babou!
Não aguentava mais. Contou até 10 e quando tomou coragem e se levantou para ir até ela... o ônibus chegou.
Ela não subiu. Mas o mulato bonitão, fortão desceu. Agarrou Josineide pela cintura, apertou-a com força e deu-lhe um daqueles beijos de língua... de filme pornográfico.
Beraldo amoleceu... e babou!
Josineide, na hora do beijo, os olhos verdes em cima de Beraldo, deu uma piscadela com o olho esquerdo. Aí abraçou o mulato fortão e saiu do ponto de ônibus balançando as ancas... como uma potra.
E Beraldo, pelo vidro, viu aquela bunda maravilhosa - pra lá/pra cá, pra cá/pra lá, pra lá/pra cá - se distanciar, se distanciar... virar a esquina... sumir.
Babou mais uma vez!
Hoje ele sabe que o diabo existe.
E continua babando!
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