Homens&Pássaros

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Terça-feira, 10 / 07 / 12

Filosofar não envelhece

As pessoas não gostam de determinados assuntos.


Tentam esconder, a qualquer custo, o efeito do tempo em suas vidas, como se envelhecer fosse algo vergonhoso.


Cabelos brancos, calvície, queda dos dentes, a libido em baixa, rugas, barriga, seios e nádegas flácidas, pintas... um horror!


Querem ser eternamente jovens.


Cremes, tintas, remédios, academias, cirurgias plásticas, dietas, spas, massagens, etc, etc, etc...


A indústria do rejuvenescimento trabalha a mil para alimentar a voracidade de homens e mulheres que buscam, na tecnologia, a sua fonte da juventude.


E a indústria da 'beleza' espalha pelo mundo o seu glamour, alimentando o ego das pessoas vaidosas.


É necessário isto?


Não nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos?


A vaidade excessiva não é uma doença?


Não é mais barato tratar a vaidade do que alimentar a vaidade?


Tirar aquela ruga dos olhos melhora a ansiedade?


A euforia por aquela cirurgia nos seios dura um mês inteiro?


O implante de cabelos faz com que o sujeito durma mais tranquilo?


O sorriso com os novos lábios da Angelina Jolie melhora o humor?


Uma pessoa deve mexer no seu corpo se não estiver doente?


Sei lá, eu sou 1/2 caipira e não gosto muito dessas coisas.


Acho que a vida é extremamente educada e cuidadosa com a gente.


Ela passa devagar e vai nos transformando vagarosamente, imperceptivelmente, da maneira mais poética possível.


E os dias vão passando, e parece que junto com eles vamos amadurecendo a nossa capacidade natural de envelhecer sem traumas.


E também vamos enxergando menos, vamos ficando menos exigentes, menos obcecados com a eternidade.


E, uníssonas, todas as nossas partes vão se transformando no mesmo ritmo... uma orquestra em execução ao cair da tarde.


Com o maestro tempo movimentando a sua batuta invisível.


TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 21:00
Domingo, 24 / 05 / 09

INICIAÇÃO

Filme: A Um Passo Da Eternidade.

Diretor: Fred Zinnemann.

Atores: Burt Lancaster&Deborah Kerr.

Ano: Filmado em 1953.

Sinopse: Alguma coisa relacionada ao ataque a Pearl Harbor

Já ouviu falar? Assistiu?

Pois é! Esta semana esse filme me veio à cabeça. Este filme, não: uma cena deste filme.

Então forcei a memória e me lembrei de algumas coisas do filme: diretor, atores, ano. Não me lembro da sinopse. aliás, não quero saber da história: somente uma cena me veio e é dela que eu quero me lembrar.

Menino: entre 11 e 13 anos.

Pobre, menor, para assistir aos filmes que não podia pagar e nem tinha idade - censura: proibido para menores de 18 anos - a gente pulava o muro e assistia aos filmes atrás das cortinas das saídas de segurança do cinema.

A censura era rígida. O autor da censura: o padre da cidade. Todas as tardes se fechava sozinho no cinema, assistia aos filmes e os censurava criteriosamente. Igual ao padre do Cinema Paradiso.

Mazaroppi, Marcelino Pão e Vinho, Paixão de Cristo: Livre. Pegar na mão: 10 anos. Rebolado: 12 anos. Beijo: 14 anos. Adultério: 16 anos. Cena morna: 18 anos. Cena quente: 21 anos. Cena muito quente: só para homens.

A cena da censura: Burt Lancaster sem camisa & Deborah Kerr de maiô, na praia, se beijando, ganhou um proibido para menores de 18 anos.

A cena: um suave erotismo, mas, de quebra, um adultério.

O calção de Burt Lancaster dava para fazer um terno para cada torcedor do Flamengo. O maiô de Deborah Kerr dava para fazer fio dental para a praia de Copacabana inteira num domingo de verão.

Reação: um monte de meninos assustados com as pernas da Deborah Kerr. E os piupiuzinhos alvoroçados.

O primeiro contato sexual com o mundo: logo com as pernas da Deborah Kerr.

Tremedeira, coração aos pulos, respiração acelerada, sensação de pecado: mas os piupiuzinhos não queriam saber de nada. Daí então nunca mais paramos de nos masturbar - ou Mariquinha /Maricota/com a direita/com a canhota - que era como falávamos naquela época inocente.

O cinema tornou-se a parte lúdica da minha vida. Deborah Kerr foi minha primeira paixão e a minha musa sexual.

E o mais interessante de tudo: naquela época a gente torcia pros americanos - e ai de quem falasse o contrário.

Quando a gente viu o ataque dos japoneses a Pearl Harbor foi um tremendo choque: uma afronta aos nossos heróis. Odiávamos os japoneses.

Felizmente nem o amor nem o ódio são eternos, só as lembranças - eternas cicatrizes - nos levam, vez em quando, a exercer o nosso lado mais humano: aquele sofrerzinho doído pelos anos e histórias que não voltam mais.

Mas uma coisa eu digo: dos 12 aos 15 anos, entre outras, eu comi a Deborah Kerr umas 150 vezes. E asseguro: ela era... ela era - sei lá, ela era!

Isto sim era sexo virtual!

Pra falar a verdade nem sei se o ano, se o filme, se a praia, se o beijo, se a Deborah Kerr, se a censura foram esses.

Só sei que uma mulher existe nalgum canto da minha memória e dela não quero esquecer.
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TõeRoberto-post in férias por aí/br

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
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