Homens&Pássaros

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Terça-feira, 18 / 05 / 10

O acompanhador de marés

Às vezes fico olhando a beleza da vida.

A perfeição que é o amanhecer e o anoitecer.

As idas e vindas das marés.

É algo pra se olhar, acompanhar infinitamente... sem pressa.

O mundo está em movimento contínuo.

É um espetáculo maravilhoso de luzes e cores.

Está ali todos os dias: é de graça e o espetáculo não se repete nunca.

E observo que tem gente que não percebe, não enxerga ou, quem sabe, não acredita nisto.

Direcionam os seus olhos, seus instintos para outras prioridades e deixam de "perder" um minuto por dia para aplaudir o milagre da vida.

Passam, indiferentes, diante de tanta beleza nas suas carruagens douradas e se postam como se aquilo não fosse com eles.

E vão, em alta velocidade, rumo ao horizonte em fogo.

Ouvem uma música, sentem na mão o poder dos cavalos mecânicos da sua máquina imbatível, pensam no escritório, no x-burguer do almoço, na fatura do cartão de crédito, naquela secretária gostosa, na chata da esposa, nos pentelhos dos filhos, no jogo do coringão, no churrasco de domingo.

E o universo, em frente deles, explode em graça e mágica, sem reprise, num ato sem precedentes.

E vão: homem e máquina desaparecem ao longe.

E eu fico aqui sentado na murada da praia, em frente deste marzão verde de João Pessoa, pensando se eu não desperdicei um tempo muito grande da minha vida com assuntos sem nenhuma importância.

Com certeza eu deveria ter acompanhado muito mais vezes as idas e vindas das marés.

Mas ainda há tempo.

Amanhã, passarei a ser um acompanhador de marés.

E criarei raízes em frente ao mar.

Experimente... não tem contraindicação!

E não tem fatura no final do mês!...

publicado por Antonio Medeiro às 09:50
Terça-feira, 21 / 04 / 09

ESPETÁCULO

No esgoto
o verme coxo
pega a carne
solta o arroto.

 

Mergulha a pata
busca outro naco
sua figura
é o espetáculo.

 

À sua volta
aglomerados
estão outros vermes
esfomeados.

 

Mergulha a pata
acha outro naco
enfia na boca
ouve os aplausos.

 

Bebe da porca
água do esgoto
dá o sorriso
solta o arroto.

 

Há um delírio
de festa no ar
os vermes se agitam
a vomitar.

 

O verme artista
vê a comida
atira-se com ímpeto
para a carniça.

 

Come com gosto
o estranho manjar
os vermes se põem
a gargalhar.

 

Levanta-se lerdo
com dó no olhar
um dia com tudo
no outro a faltar.

 

Mas está satisfeito
não quer mais comer
tem muito espaço
pra percorrer.

 

Vira as costas
o verme coxo
arrasta-se calmo
pra outros esgotos.

 

Os vermes que ficam
aglomerados
estão sorridentes
e empanturrados.

 

Movem-se calmos
cada um pro seu lado
e vão à procura
de outro espetáculo.

.
TõeRoberto-post in férias por aí/br

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quinta-feira, 11 / 12 / 08

O 15º CANTO

Poemas Escolhidos

 

Qualquer dia descerei a tua profundidade
e procurarei no teu poço de ilusões
as armas para a nossa reviravolta.


Serei dentro do teu labirinto de escuridão
a lanterna mágica que iluminará teu caminho vazio
o guia universal da tua cegueira antiga
o teu ideal.

 

Caminharei devagar
e quando pela tua noite adentro pressentir
que te acomodaste na primeira bonita e inútil fonte interna
para descansares tua vontade de reação
eu te alertarei
e com meu punhal de perseverança furarei de leve
tuas paredes sensitivas
e gritarei tua noite adentro
com a plena força dos pulmões
que existe um erro.

 

Serei para sempre até o dia da tua
crônica decisão
a luz e o espinho do teu infinito interior
e só te deixarei em paz
quando tua íntima usina produzir
suficiente energia
e a claridade da tua plenitude de tomar
como toma o sol o dia
e quando através da tua própria vontade
gritares infinitamente
pelo interior redescoberto
a palavra mais amiga
mais bonita
mais iluminada
que tu um dia engoliste.

 

Só então subirei pelas rampas da tua
consciência adquirida
e virei à tona, para juntos
num espetáculo inesquecível
brilharmos a longa noite dos tempos
com milhões de fogos de artifício.

.
TõeRoberto-09:22-post in jampa/pb

música: The Green Leaves Of Summer
publicado por Antonio Medeiro às 04:07
Terça-feira, 23 / 09 / 08

O PÔR-DO-SOL

Textos Escolhidos

 

- Ontem fui ver o pôr-do-sol da Praia do Jacaré, em Cabedelo/PB.

- Diante do espetáculo sem adjetivos, pensei: é por uma visão dessas que a gente fica com dó de morrer!

- Como é que a gente morre e nunca mais vê uma coisa dessas?

- Tenho minhas dúvidas quanto à presença de Deus no universo, mas diante do pôr-do-sol da Praia do Jacaré, confesso: balancei.

- Fiquei pensando: vai que o Cara tá me sacaneando, fingindo que não existe só pra me tirar um sarro na hora H.

- O espetáculo é único, não há visão mais apaixonante, mais reveladora do que aquilo.

- O nó na garganta é inevitável, e pensamos: graças a Deus estamos vivos!

- Não vou contar o que tem lá pra não estragar a surpresa.

- Só vendo pra crer; vá, vale a pena!
.
(Fonte: Texto – Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Luz do Sol - Caetano Veloso
publicado por Antonio Medeiro às 04:45
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