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Terça-feira, 20 / 04 / 10

Pensando no Nordeste brasileiro

Não entendo lhufas de meio ambiente e de mercado imobiliário.

Mas entendo perfeitamente o que os meus olhos veem.

Convivendo com o Nordeste há mais de 20 anos assisto, estarrecido, às mudanças que vêm ocorrendo nas comunidades litorâneas.

O loteamento absurdo de todo o litoral por portugueses, espanhóis, italianos, entre outros, vem causando uma mudança radical na paisagem nordestina.

O filme "O Massacre da Serra Elétrica", perto do verdadeiro massacre da serra elétrica que vem ocorrendo por aqui, é filme de humor.

A maioria dos "novos exploradores”, no que diz respeito à cultura local e à preservação do meio ambiente, não tem o menor compromisso com as comunidades locais.

Seu único interesse é o lucro fácil e imediato.

Construção de 'pombais', 'caixotes', verdadeiros cortiços em áreas de rara beleza é uma cena muito comum hoje em dia.

A poluição visual cresce a olhos vistos.

A derrubada de extensas áreas verdes - árvores antigas, a grande parte frutíferas, tornou-se uma rotina.

Da dó, por exemplo, da Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte.

Está se tornando um condomínio a céu aberto.

Os estrangeiros arrancam a mata nativa, constroem seus condomínios e prédios - muitos horrorosos - e plantam grama no lugar. 
As prefeituras, aparentemente, são inoperantes.

As leis ambientais, segundo dizem, são severas, mas parece que não são aplicadas para a maioria dos empreendimentos imobiliários.

Além da destruição do meio ambiente os "novos exploradores" também causam muito impacto nas economias locais.

As construtoras - ou sei lá quem - inflacionam violentamente o mercado imobiliário, porque muitos dos seus empreendimentos são direcionados ao público externo que pagam em euros e dólares valores que não correspondem aos preços do mercado local.

Só posso dizer: é uma pena!

Infelizmente, o "progresso" avança destruindo a paisagem antiga.

E planta uma nada boa de se ver no seu lugar.

Tudo está se transformando numa coisa diferente do Nordeste de antigamente.

Desde a música até a culinária - aquela cozinha simples, singela, barata e maravilhosa vai se despedindo.

Hoje a culinária está nas mãos de curiosos ou pessoas ávidas em cobrar preços não condizentes com a realidade local.

O mundo gira totalmente em torno do dinheiro - sujo ou limpo - se é que existe dinheiro limpo.

De uma coisa eu tenho certeza: não comemos nem bebemos prédios, muros, condomínios, carros, celulares, computadores e dinheiro.

Comemos comida e bebemos água, e não sei até quando isto vai ser possível.

Visite o Litoral do Nordeste Brasileiro antes que ele se torne uma Colônia Européia.

Sem xenofobia!

publicado por Antonio Medeiro às 09:34
Quarta-feira, 24 / 12 / 08

A REPRESSÃO

Textos Escolhidos

 

O assunto é complexo e vasto.

Confesso: não tenho espaço e nem cacife para me aprofundar. Vou apenas emitir o meu ponto de vista a respeito da repressão, algo que está no mundo desde os primórdios dos tempos.

Segundo o Aurélio, Repressão é: "Ato ou efeito de reprimir". E Reprimir é: "1.Sustar a ação ou movimento de; conter, reter, moderar, coibir, refrear, represar. 2.Não manifestar; ocultar, disfarçar, dissimular. 3.Violentar, oprimir, vexar, tiranizar. 4.Impedir pela ameaça ou pelo castigo, proibir. 5.Castigar, punir."

A repressão está enraizada na cultura do ser humano. Podemos enxergá-la na Inquisição, nos diversos regimes políticos, em toda a extensão da sociedade e nos grupos familiares.

É a arma mais eficaz para manter o mundo nos moldes de quem tem o poder: o repressor.

Uma escala simples:

O presidente de um país do G8 faz uma ligação e come o rabo do presidente de um país da América do Sul.

O presidente do país da América do Sul chama o ministro e solta as feras em cima dele.

O ministro chama o presidente da estatal e xinga sua mãe daquilo.

O presidente da estatal liga para o diretor e o chama de incompetente.

O diretor manda um e-mail para o superintendente e fala que ele é um veado.

O superintendente chama o gerente e chama a sua mulher de vaca.

O gerente sobe em cima da mesa do supervisor.

O supervisor demite o Zé que só entrou na história agora.

O Zé chega em casa e enfia a mão na mulher.

A mulher do Zé desce o cacete no Zezinho.

O Zezinho chuta o cachorro.

O cachorro corre atrás do gato.

O gato quer comer o rato.

O rato...

A repressão é institucionalizada no mundo: ainda existem escolas onde os professores batem e aplicam castigos nos alunos.

Países onde as mulheres são 'operadas' para não sentir prazer.

Leis que permitem que os pais dêem uns 'tapinhas' nos seus filhos para educá-los.

A polícia bate e tortura presos.

A igreja reprime comportamentos.

As empresas mantêm normas rígidas para os seus empregados.

Os casais se reprimem mutuamente e ferem constantemente o direito à individualidade de cada um.

Os regimes políticos antes reprimiam com armas, hoje utilizam métodos modernos, subliminares, de repressão. Deixam sempre no ar, ao nosso redor, aquela impressão que se eu não andar na linha eu tô ferrado: perco o emprego, a mulher, minha casa, meus filhos, o respeito e a cidadania.

E é verdade, acredite! Eles têm poder para isso.

A pior repressão de todas é a que o ser humano impõe a ele mesmo.

É ela que não permite ao homem alcançar a sua plenitude e desenvolver a sua potencialidade em todos os níveis da vida.

É ela que é mãe de todas as outras: dos tiranos, dos padres, dos policiais, dos políticos, dos negros, dos brancos, dos vermelhos, dos amarelos, dos patrões, dos empregados, dos heterossexuais, dos homossexuais, das mulheres, dos homens, das avós, dos avôs, dos pais, das mães, dos filhos...

A repressão é uma doença contagiosa transmitida de geração para geração.

Talvez o único remédio que a cure seja a educação.

Reprimir é fácil, desreprimir é muito difícil; um trabalho para diversas gerações.

Comece com o seu filho!
.
TõeRoberto-10:27-post in jampa/pb

música: Medo Da Chuva - Raul Seixas
publicado por Antonio Medeiro às 05:56
Terça-feira, 21 / 10 / 08

OS CHATOS II

Textos Escolhidos

 

Ontem estava vendo um filme e me veio à cabeça o poema O Sobrevivente, do livro Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930.

Assim:

 

"Impossível compor um poema a essa altura da evolução
da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja -
de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

 

Há máquinas terrivelmente complicadas para
as necessidades mais simples.

 

Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

 

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de cultura.
Mas até lá, felizmente, estarei morto.

 

Os homens não melhoraram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo
dilúvio.

 

(Desconfio que escrevi um poema.)"

 

Por que me lembrei do poema?

Alguns dias atrás escrevi sobre os chatos que estão mandando em nossas vidas.

Pois bem, no filme mencionado, um general, testa-de-ferro dos chatos, diz o seguinte:

Neste país não se fuma, não se bebe, não se sonha acordado; não se consome drogas, carne vermelha, açúcar; não se faz sexo (a não ser que seja casado), não se dorme tarde, levanta-se cedo e se trabalha para produzir bens de consumo em escala mundial, para atendermos às necessidades alimentares e tecnológicas dos povos e para, com alegria, participarmos do crescimento e do enriquecimento da nossa nação. Fazemos isto porque somos patriotas e demoramos séculos para chegar a tal nível de civilização.

Eu acho que Drummond conhecia bem os chatos e já sabia, 70 anos atrás, que eles um dia seriam os donos do mundo.

Olhe a sua volta: há sempre um chato por perto, com uma nova lei embaixo do braço.
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Vaca Profana - Gal Costa
publicado por Antonio Medeiro às 05:05
Blog de TõeRoberto

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