Seu eu fosse um país, diria: estão destruindo as minhas memórias.

Sem brincadeira!

Esta semana dei uma volta por Olinda/PE e fiquei chocado.

Morador que fui de Olinda por quase 05 anos, calcei o meu chinelão de couro e fui atrás das minhas memórias: praças, barracas de praia, restaurantes, bares... pessoas.

Tudo acabado!

Procurei pela Barraca de Tia Amélia, nada!

Procurei pelo meu Chambaril preferido, sumiu!

O meu Queijo de Coalho, já era!

Minhas Agulhinhas Brancas, tchau!

A Fritada de Aratu, nem sinal!

O Caldinho do Esquina 90, evaporou!

Os Ovinhos de Codorna do Ceará, já eram!

O Bar da Buchadinha, beleléu!

Um resíduo do Bar Calamengau, graxa!... graxa!... graxa!...

Alguns amigos: mortos, ausentes, sumidos... desconhecidos!

O mais chocante foi a ausência do Bar mais importante de Olinda, no período que lá morei: O Xinxim Da Bahia, do meu amigo Élcio - o popular Xinxim.

Lá saboreávamos, além da presença sempre especial de Xinxim, uma boa Feijoada, um excelente Acarajé, um maravilhoso Cupim, um Cozido honesto, uma Cervejinha gelada... e um ambiente sempre agradável.

Tudo se foi.

No lugar, uma casa e um silêncio histórico.

Não me sobraram referências em Olinda.

Sou um país de quem extirparam um pedaço.

O mundo gira depressa demais pro meu gosto.

As coisas nascem e morrem, nascem e morrem, nascem e morrem, nascem e...

E nós ficamos atônitos, perdidos na ilha deserta da solidão humana.

Preciso preservar a minha história, senão, quando eu me for, vão me procurar pelas ruas por onde andei e não vão encontrar nem um rastro da minha presença na terra.

E eu não terei existido!

publicado por Antonio Medeiro às 08:32