Homens&Pássaros

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Quinta-feira, 17 / 03 / 11

O caju

Faltando uma semana para o casamento, Genivaldo estava mais liso que uma pedra de gelo.

Nem a meia tinha! A moça pobre, mas o pai enjoado queria casar a filha no melhor estilo. Única filha, desejava ver a noiva mais bonita do mundo. Queria também um noivo apresentável.

Genivaldo arrancava os cabelos da cabeça.

Lirinho, seu amigo de infância, mais saído que Genivaldo lhe disse:

Ô Genivaldo por que tu num aluga a roupa, home!

Tem isso, é? - questionou Genivaldo.

Oxente, tem sim! Eles alugam até a cueca se tu não tiver.

Assim fez Genivaldo. Foi à loja e alugou tudo: meia, sapato, camisa, gravata, lenço, o terno - do seu gosto - de linho branco, impecável.

O atendente, depois de tudo pronto, advertiu Genivaldo: olha seu Genivaldo, eu só peço pro senhor tomar muito cuidado com este terno, porque ele é caro, muito caro; é importado!

Preparativos do casamento, as amigas ajeitando o noivo, a irmã mais nova de Genivaldo falou com a mãe: manhê tem um cajuzão sem tamanho lá em cima do pé de caju. Pede pro Genivaldo apanhar pra mim. Tô com vontade de comer caju!

Genivaldo gritou lá do quarto: tu tá doida, menina! Oxente, eu tô me arrumando pro casamento. Eu vou lá mexer com caju!

Esquecido o caju, a hora do casamento chegou: Genivaldo, no terno de linho branco, camisa preta, gravata listrada de preto&branco, lenço vermelho no bolso, sapatos pretos, meias brancas; parecia um major, um homem de posses, não fosse o aluguel de tudo ter sido feito no crediário.

Pronto, deu um beijo na mãe, outro na irmã, um abraço no pai - todos felizes e orgulhosos -, e se dirigiu à porta pra chegar até o carro de Lirinho que ia levá-lo à igreja.

Mal atravessou a porta, deu dois passos em direção ao portão - isso já embaixo do cajueiro que ficava na frente da casa - quando a tragédia abateu-se sobre ele: o caju, o cajuzão desejado pela irmã, o único caju daquele cajueiro soltou-se lá de cima e caiu bem no cocuruto da sua cabeça.

Foi caldo de caju - nódoa pura - para todos os lados: escorreu na frente e atrás do paletó de linho branco, na camisa preta, na gravata listrada de preto&branco, na calça de linho branco, no lenço vermelho. Até na cueca chegou: o líquido escorreu pelas costas e desceu pelo desfiladeiro das nádegas.

Ficou gelado. Lembrou-se da recomendação do dono do terno: é caro, muito caro, é importado!

Não falou nada. Entrou em casa, tirou a roupa, vestiu a velha bermuda preta, a camiseta regata suada, a chinela havaiana e saiu pra rua.

No bar do Bigode, pediu uma cachaça, virou numa talagada só e murmurou entre dentes: já que eu tô fudido, fudido e meio! foda-se o casamento!

Pediu outra cachaça e vapt!....

Começou a se sentir mais leve quando um cheiro delicioso de caju começou a chegar às suas narinas.

Pensou: que merda!!!

E pediu outra cachaça.

publicado por Antonio Medeiro às 09:20
Terça-feira, 07 / 12 / 10

A fita

Casado sou há mais de 20 anos.

Sabe como é que é!

Alegrias, tristezas... tristezas&alegrias.

Às vezes penso no passado.

Aquelas coisas de homem casado.

Aquelas lembranças boas, boas, boas, ruins... boas&boas&boas. 
O sol nasce, se põe; a lua nasce, se põe... e a vida vai rolando dentro da medida do possível.

É a vida de um homem casado... e também de uma mulher casada!

Outro dia fuçando numas coisas velhas - aquelas coisas do passado que você nem se lembra mais que existem - achei a fita de vídeo do meu casamento.

Nem me lembrava mais que o meu casamento tinha sido filmado.

E nunca assisti à danada da fita!

Não se assiste a uma coisa dessas!

Nem naquele momento pensei em tal coisa!

Guardei novamente a fita.

Alguns dias depois dei de cara com a bendita fita: ela estava no vídeo.

Minha mulher já tinha assistido - depois me lembrei - umas 50 vezes e assistiu de novo.

Pensei: não é justo! Vou assistir pelo menos uma vez.

Liguei o vídeo.

A fita não tinha rodado totalmente.

Estava na hora do beijo, depois da aliança.

Apertei aquela setinha de voltar com a fita sendo executada.

Qual não foi minha surpresa ao me ver desbeijando a noiva, tirando a aliança do seu dedo, saindo da igreja, dando adeus pra todo os convidados e voltando rápido para a despedida de solteiro.

Uau!!!

Desde então assisto à fita todos os dias.

Mas só de trás pra frente! .
E o momento que eu mais gosto é quando eu desbeijo a noiva, tiro a aliança do seu dedo, saio da igreja, dou adeus aos convidados e volto pra despedida de solteiro.

Final perfeito para o que seria uma tragédia.

E foi!!!

De sonho também se vive!

E se apanha!!!

publicado por Antonio Medeiro às 09:42
Sábado, 03 / 10 / 09

João

Era uma vez João, que pediu a mão de Maria em casamento.

Maria não aceitou e João ficou muito feliz.

Saiu dali, arrumou um bom emprego, logo em seguida comprou um belo carro, engordou uma boa poupança e viajou pelo mundo todo.

Namorava quem bem queria, bebia cerveja com os amigos, tinha um monte de amigas mulheres, chegava em casa às 04 da manhã, jogava a camisa no sofá, a calça na copa, o sapato no corredor, a meia no banheiro, a cueca no chão do quarto; dormia até ao meio-dia, almoçava quando lhe dava fome, limpava a casa quando lhe dava na telha e assistia seu futebol tranquilamente no domingo.

Era senhor absoluto do controle remoto.

Foi morar no ABC, virou Presidente da CUT - depois Deputado Federal.

Nunca ouviu de ninguém: "Precisamos discutir a nossa relação!". "Eu não aguento mais!". "Você não é mais o mesmo!". "Eu vou embora pra casa da minha mãe!".

Arrumou uma boa empregada doméstica para fazer a sua comida, limpar a casa e lavar e passar a sua roupa.

Só por isso ficou eternamente moço e viveu feliz para sempre.

Maria casou-se com José, teve 03 filhos, engordou, os peitos caíram, ficou cheia de estrias e celulite e vive dizendo pra José: "Precisamos discutir a nossa relação!". "Eu não aguento mais!". "Você não é mais o mesmo!". "Eu vou embora pra casa da minha mãe!".

José deu de beber e...

Era uma vez...

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quarta-feira, 09 / 09 / 09

Se eu fosse casado

Se eu fosse casado e gostasse de novela:

Eu teria a dignidade de botar uma televisão no quarto da empregada e, junto com meus filhos, os cachorros e as visitas, eu ficaria em paz, idiotizado, das 02 às 22 horas, sem encher o saco da coitada da minha mulher que não gosta de novelas (difícil!!!) - gosta de conversar.

Em ambiente de novela é proibido conversar.

Novela só é boa quando marido/mulher estão brigados: um não precisa olhar na cara do outro.

Às vezes brigam por causa do controle remoto/novela e ficam sem olhar um na cara do outro.

Legal/normal!

A Globo é uma das responsáveis pela merda do monólogo familiar.

Durante a novela: "Cala a boca, caralho!"

Durante o Chateza e Cacete: "Cê não ri de nada?"

Durante a Ana Maria Brega (Eca!!!): "ouça o que a mulher tá falando, machista!"

Verdade seja dita: brasileiro, se for mulher- na sua maioria - ou assiste ao Jornal Nacional, à novela das 08 ou está na pia, no tanque, cuidando de menino, ou dormindo.

Se for homem - na sua maioria - ou assiste ao Jornal Nacional, à novela das 08 ou está dormindo no sofá - bêbado - ou no boteco da esquina, no beréu do bairro, ou jogando bilhar.

Um conselho: você que tem família, não coloque a Globo dentro da sua casa: ela tem o poder de imbecilizar/idiotizar/fuder com a sua vida (se você achar que eu tô falando merda, ela já conseguiu).

É ela mesma quem diz: "A gente te fode por aí!"

E você acha o maior barato!

Ih!, esqueci do falar do "Gavião Fudeno."

Afinal, ele é um dos carros-chefes da "Blobo", não pode ser esquecido!

.
TõeRoberto

 

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sábado, 22 / 08 / 09

ERA UMA VEZ... MARIA

Era uma vez, Maria...

Que pediu a mão de João em casamento.

João não aceitou e Maria ficou muito feliz.

Saiu dali, arrumou um bom emprego, logo em seguida comprou um belo carro, engordou uma boa poupança e viajou pelo mundo todo.

Namorava quem bem queria, ia ao shopping center com as amigas, comprava o que gostava, tinha um monte de amigos homens, chegava em casa cedo/tarde, tirava a blusa e a calça - dobrava, colocava em cima da cômoda; tirava o sapato, colocava no armário; a meia no cesto de roupa suja; a calcinha lavava em baixo do chuveiro; levantava cedo/tarde, almoçava ao meio-dia, limpava a casa todos os dias, principalmente os banheiros, e assistia sua novela tranquilamente à noite.

Era senhora absoluta do controle remoto.

Foi morar no ABC, virou Presidente da CUT - depois Deputada Federal.

Nunca ouviu de ninguém: "Você enche muito o saco!" "Você está me sufocando!" "Você não é mais a mesma!" "Você gasta demais!"

Arrumou um moço bonito pra ser pai do seu filho, teve o filho e hoje é mulher mais feliz do mundo.

Só por isso ficou eternamente moça e viveu feliz para sempre.

João casou-se com Sofia, teve 03 filhos, ficou barrigudo, o pinto caiu, ficou cheio de dívidas e vive dizendo pra Sofia: : "Você enche muito o saco!" "Você está me sufocando!" "Você não é mais a mesma!" "Você gasta demais!"

Sofia deu de lhe botar cornos e...

Era uma vez...

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TõeRoberto-03:118-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
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