No esgoto
o verme coxo
pega a carne
solta o arroto.
Mergulha a pata
busca outro naco
sua figura
é o espetáculo.
À sua volta
aglomerados
estão outros vermes
esfomeados.
Mergulha a pata
acha outro naco
enfia na boca
ouve os aplausos.
Bebe da porca
água do esgoto
dá o sorriso
solta o arroto.
Há um delírio
de festa no ar
os vermes se agitam
a vomitar.
O verme artista
vê a comida
atira-se com ímpeto
para a carniça.
Come com gosto
o estranho manjar
os vermes se põem
a gargalhar.
Levanta-se lerdo
com dó no olhar
um dia com tudo
no outro a faltar.
Mas está satisfeito
não quer mais comer
tem muito espaço
pra percorrer.
Vira as costas
o verme coxo
arrasta-se calmo
pra outros esgotos.
Os vermes que ficam
aglomerados
estão sorridentes
e empanturrados.
Movem-se calmos
cada um pro seu lado
e vão à procura
de outro espetáculo.
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TõeRoberto-post in férias por aí/br