Homens&Pássaros

pesquisar

 
Quinta-feira, 05 / 11 / 09

Amar amar amar

Qualquer dia desses anoiteceu:
tudo era preto
preto
e eu nem percebi que era noite.

 

O divino e o diabólico pernoitaram
num só santuário
o ser embrenhou-se na sua inquietude
tingindo de sangue os umbrais de ódio
e fez do mistério existente na profanação
da lei
um simples palpitar de coração.

 

Pouco me importa a noite chegada
e os santuários profanados
se minha angústia é simples exposição
de fatos
para o dia que ainda vai chegar.

 

Amar Amar Amar
que mais resta das blasfêmias ditas
se o sangue que eu desejaria derramar
para manchar a aurora que nem veio
já nem corre dentro de mim?

 

O anoitecer é contínuo
o desespero mútuo.

 

Chegaria uma só palavra dita ao pé do
ouvido
e o mundo viraria pó.
Bastaria nessa hora vivida
que do teu corpo, elegia adormecida
saltasse um gemido cristalino
de bicho acuado, escondido
na profunda harmonia dos sentidos
para que meus olhos
meus olhos
espelhos camuflados do instinto
implorassem, dementes, tua presença
e fizessem dessa noite avermelhada
a redenção do ser.

 

Se a mão que com fúria escreve este
poema
ao menos brandisse, num gesto, a arma
da absolvição
seria tão notável
que com os olhos sádicos e vermelhos
eu a beijaria uma
duas
três
quatro vezes
em prol da doce e total liberdade.

 

Mas que esperar da desgraça
se ela nem ao menos existe?
A noite desceu e as portas se abriram
fazendo de cada objeto a minha desilusão
de cada objeto o meu cadafalso
onde a guilhotina me ensangüenta e
purifica
levando-me ao caos das sensações.

 

A noite apenas começou
mas meu sangue, num ritmo frenético
jorra em silêncio pelos poros da alma
fazendo da longa ausência sentida
o assassínio da moral.

 

Amar Amar Amar
O divino e o diabólico pernoitaram num
só santuário
o ser embrenhou-se na sua inquietude
tingindo de sangue os umbrais do ódio
e fez do mistério existente na profanação
da lei
um simples palpitar de coração.

 

Qualquer dia desses amanheceu
apagando do mundo a noite vista:
o ser gritou
o ser amou
o ser odiou
tingindo de vermelho a aurora.

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Domingo, 12 / 10 / 08

O RITUAL

Poemas Escolhidos

 

Uma brisa intrínseca
trisca o mormaço.

 

Um vento humilde
rabisca o aço.

 

Um trovão arisco
balança o cadafalso.

 

Um relâmpago vivo
ilumina o palhaço.

 

Uma turbulência casta
purifica o falso.

 

Um mergulho fundo
invade o mundo.

 

Um sorriso largo
ganha espaço.

 

O lápis caminha
e o poema nasce.

.
(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

música: Pelo Vinho E Pelo Pão - Fagner
publicado por Antonio Medeiro às 04:03
Blog de TõeRoberto

Julho 2012

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

Comentários recentes

  • Sem palavras, silenciou e falou.Sem Palavras! Caro...
  • Caro TõeRoberto,Exceto pela parte do dedo no vidro...
  • Elimine os filtros, Primo! Não é fácil... eu que o...
  • show de bola o texto, especialmente as frases fina...
  • Olá, desculpa o meu Português não escrever bem per...

mais comentados

blogs SAPO


Universidade de Aveiro