Homens&Pássaros

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Sexta-feira, 02 / 03 / 12

Comeram meu 'S'

Eu nasci com um 'S' no final do meu sobrenome.


A burocracia, com o passar dos anos, comeu o meu 'S'.


E comeu o 'S' do sobrenome da minha mãe.


E comeu mais alguns 'Ss' que meus parentes ainda não descobriram.


E a ausência do meu 'S' está, hoje, transformando a minha vida num personagem Kafkiano.


Perdi a minha identidade, tirei outra.


Aí a burocracia devolveu o 'S' roubado da minha mãe.


E o 'S' ressuscitado da minha mãe passou a infernizar a minha vida.


E descobri, perplexo, que depois de tantos anos trabalhando, recebendo salário, pagando imposto, fazendo empréstimos, eu não existo mais.


Fui abrir uma conta no banco:


Eu, com minha identidade nova - com o 'S' ressuscitado da minha mãe -, não existo mais pra Receita Federal.


Não posso abrir conta, não posso fazer crediário, não posso comprar um imóvel, não posso casar, não posso fazer nada... nem morrer!


O sistema só me reconhece com o 'S' roubado da minha mãe.


Com ele de volta me transformei num ser virtual, que só existe pra família e amigos.


Dizem que é fácil consertar.


É só devolver à Receita Federal o 'S' da minha mãe.


Mas tenho certeza que quando eu fizer isto alguém vai chiar.


Posso não receber o meu salário, posso não poder movimentar a minha conta que tem mais de 30 anos, posso ser preso indevidamente.


E tudo por conta de um pequenino 'S', de quem, por sinal, nem sou muito fã.


De uma coisa eu tenho certeza:


Esse 'S' ainda vai dar muito que falar.


A burocracia é uma senhora muito cruel, lerda... e burra!


E mora no Brasil!


TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 18:04
Terça-feira, 01 / 06 / 10

Uma criança nasceu

Comunico a quem possa ou não interessar no Iraque, no Afeganistão, no Líbano, nos Estados Unidos, na China, em Cuba, na França, na Itália, na Inglaterra, na Argentina, na Oceania, no Canadá, na Alemanha, na Índia, no Chile, no Brasil - para todos os cantos do mundo, enfim - que a minha Neta nasceu.

Uma criança... apenas uma criança!

Com sua carinha indefesa, seus olhinhos fechados, sua boquinha sedenta pela seiva da vida - o seio materno.

Uma criança nasceu!...

Comunico ao Bush, ao Sarkozy, à Merkel, ao Papa, à Rainha Elizabeth, aos donos da Volks, da GM, da Chevrolet, da IBM, da Microsoft; aos donos da Telemar, da Peugeot, da Boeing, da Tam, da Shell, da Texaco; aos donos do Barcelona, do Manchester, do Milan; ao Fidel, ao Chaves, ao Kirchner, à Bachelet, ao Lula que a minha Neta nasceu.

Um acontecimento simples e fantástico: a minha Neta nasceu!

Eu sei que vocês não entendem, da minha parte, tamanha desfaçatez.

Devem pensar que sou louco... ou, simplesmente... louco!

Mas digo: será que os negócios das bolsas, o valor do Dólar, do Euro, do Marco, do Iene, do Peso; o sangue das guerras inacabáveis, as disputas desiguais pelo petróleo, a globalização, o avanço tecnológico, o dinheiro guardado nos paraísos fiscais, a exploração inexorável dos trabalhadores na Ásia, a expansão burra e mesquinha do agronegócio, a hipocrisia da Globo, a insensibilidade dos políticos e dos empresários brasileiros; será que tudo isto é mais importante que o nascimento da minha Neta?

Senhores, por favor!

Parem tudo!

Minha Neta nasceu!

Querem algo maior que ser dono de todo o petróleo do mundo?

Muito melhor que ser dono da Microsoft?

Mais prazeroso que jogar bombas no Iraque?

Mais lindo que o maior pôr-do-sol do mundo?

Mais romântico que uma noite de lua cheia?

Mais gratificante que ser um operário e governar o Brasil?

Senhores, por favor?

Parem as suas guerras, os sofrimentos dos povos, as fábricas de miséria, a construção de mísseis, a confecção de armas biológicas, as reuniões intermináveis, o fundamentalismo religioso e econômico, a destruição do planeta e venham prestar homenagens à vida.

Venham para Natal - Rio Grande do Norte - Brasil - América do Sul - Terra - entrem na fila, peçam licença e olhem, apenas olhem, por um segundo, aquele rostinho iluminado e mágico e percebam que apesar de todas as suas misérias - misérias de vocês - a raça humana ainda pode ter solução.

E que as suas questões de poder - de todos vocês, crianças más - perto destes olhinhos verdes, não passam de fumaça na curta existência humana.

Por favor, sejam humildes!

Dobrem o espinhaço e façam reverências!

A minha Neta nasceu!

A vida se esmera... e o planeta não é mais o mesmo.

Nem eu!!!

Bem-vinda, Nayanna ou Jaya, o mundo te aplaude de pé!

E fiquei mais rico; já tenho dois, agora três!...

publicado por Antonio Medeiro às 07:25
Sábado, 06 / 02 / 10

Chega de pessimismo!

Doa-se um pouco de otimismo - que não faz mal a ninguém - a quem se interessar.

Um otimismo puro, sincero e verdadeiro.

Um otimismo de um homem de 55 anos que necessita, com urgência, doar um pouco do seu recente otimismo - a quem de um pouco de otimismo precisar.

Alguém neste país precisa levantar a bandeira do otimismo.

Chega de tanto pessimismo!

Acreditar que se pode entrar num avião e chegar ao seu destino sem morrer.

Acreditar que o Palmeiras ainda vai ser campeão brasileiro - e que o Corinthians vai cair para a série C.

Acreditar que estas merdas de governos - um após o outro - que nos governam desde quando eu era criança - um dia vão criar vergonha na cara.

Acreditar que estamos predestinados a ser o maior país do mundo e que a Amazônia é dos grandes empresários nacionais e internacionais - porque nossa nunca foi... nem será.

Acreditar que a igreja, de vez em quando, dá uma dentro - o resto dá todas fora - e que a mídia não é a senhora absoluta dos destinos do Brasil.

Acreditar que somos uma democracia - mesmo que seja de pé quebrado - e acreditar que somos uma nação soberana.

Acreditar que você ainda vai comer a Juliana Paes e que vai ganhar na mega-sena... sozinho!

Acreditar que a Fiesp é progressista e que o Mst é a solução para os problemas da terra no Brasil.

Acreditar que o brasileiro é o melhor povo do mundo - e que não somos preconceituosos nem racistas.

Acreditar que, apesar de tudo, deve existir algum político honesto - e que Deus, com certeza, é Brasileiro.

Acreditar!... Acreditar!... Acreditar!

É preciso acreditar em alguma coisa...

No Lula...

No Renan...

No Pedro Bial...

No Jornal Nacional...

É preciso acreditar...

Em algum líder...

Em algum herói...

Em algum ser superior...

Em você mesmo...

55 anos de pessimismo! É um peso muito grande pra se levar pra cova!

A partir de hoje, Otimismo é o meu nome!

Faça como eu: acredite!

Com certeza, Jesus Cristo vai voltar para salvar o Brasil!

Amém!!!...

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quinta-feira, 07 / 01 / 10

Não entendi!

Acho que não entendi a proposta de um blog que li outro dia - não me lembro o nome.

Primeiro, quero dizer que não sou petista, nem lulista.

Já fui petista, hoje não sou porra nenhuma!

O blogueiro clamava: "Fora Lula! Fora PT! Queremos o nosso Brasil de volta!"

Francamente não entendi a proposta do blogueiro quanto a este negócio de "Queremos o nosso Brasil de volta".

Para me posicionar a favor ou contra eu precisaria entender a proposta: sinceramente, não entendi.

Que Brasil o blogueiro tá querendo de volta?

O Brasil do regime militar? Torturas, endividamento, censura... aquela merda toda!

O Brasil do Sarney? Aquela porra-louquice de congelamento, fiscal do Sarney, descongelamento... inflação estratosférica!

O Brasil do Collor? Aquela porcariada toda de confisco, de República das Alagoas, corrupção, antipatia, cara pintada... impetchman!

O Brasil do FHC? Neoliberalismo, privatização, impunidade, desemprego, perseguição ao funcionário público e aos aposentados... juros de 25% ao ano.

Sinceramente, não entendi a proposta do blogueiro!

Nasci há muito tempo e nunca existiu um Brasil, politicamente falando, do qual eu tenha saudades e queira de volta!

O Brasil sempre foi isto! Todos os Brasis que eu conheci sempre funcionaram da mesma maneira: a elite, não importa quem seja o governo, sempre dá as cartas.

Apesar do monte de merda que este governo já fez e ainda vai fazer, eu acho melhor conviver com ele do que com aquele monte de gente chata que é o pessoal do FHC.

Hoje, pelo menos, a Polícia Federal aparentemente está dando nome aos canalhas - coisa que a gente nunca tinha visto em nenhum dos Brasis.

O Blogueiro que tanta clama "Queremos o nosso Brasil de volta" precisa inventar outro Brasil para pedir de volta, porque este que a gente vive tem dono e, com certeza, não é nem do PT, nem do Lula... nem nosso!

O buraco é mais embaixo!

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sexta-feira, 20 / 11 / 09

A história

Era uma vez uma história que se recusava a ser escrita.

O escritor ia pra esquerda - ela, direita; queria sol - ela, chuva; ele, quente - ela, frio; ele, alegria - ela, tristeza.

O escritor iniciava um épico - ela, tragédia; um romance - ela, drama; uma poesia - ela, conto; uma crônica - ela, carta; um elogio - ela, crítica.

Era uma história camaleão.

O escritor, Palmeiras; ela, Corinthians.

O governo é; ela, não é.

O Brasil, uma beleza; ela, uma merda.

Os políticos estão; ela, não estão.

O forró; o samba.

O Nordeste; o Sudeste.

A morena; a loira.

Era uma história geniosa que queria escrever a sua própria história.

Tento convencê-la que no Brasil ninguém consegue escrever a sua própria história, sempre acontece algo que nos desvia da nossa história.

Mas ela não quer saber: ecologia, nem pensar!; miséria, nunca!; corrupção, não!; amor, eca!; esporte, argh!; isto, cansada!; aquilo, cansada! cansada!; aqueloutro, cansada! cansada! cansada!

Escorrega pra lá, pra cá e vai esvaziando todas as minhas possibilidades.

Começo de novo: Era uma vez...

Nada, silêncio absoluto!

A história se esconde atrás da sua ausência definitiva.

Desisto!

Nada de história, nada de nada!

Tudo vazio!

Só posso dizer....

Era uma vez...

Uma história que se recusou a ser escrita.

Era uma vez!

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sexta-feira, 09 / 10 / 09

Se eu tivesse vergonha na cara

Se eu tivesse vergonha na cara eu teria nascido com mais vergonha na cara.

Eu jamais me acostumaria com o tamanho do circo que existe na capital do meu país.

E eu jamais seria o palhaço que trabalha de graça no circo brasiliense.

Eu educaria meus filhos sem medo de vê-los se transformar em pessoas oportunistas, pessoas safadas que acham que "já que todo mundo faz, eu também vou fazer".

Eu escreveria duzentas matérias por dia pra não deixar ninguém esquecer o que a mídia - quando é do seu interesse - joga pra debaixo do tapete.

Eu escreveria muito mais matérias deste teor, porque os assuntos estão no ar - todos os dias - em doses cavalares.

Eu gritaria 24 horas por dia: é muita safadeza pra um Brasil só!

Eu encabeçaria um movimento para dividir o Brasil em dois - ou três - para caber tanta gente safada, tanto trambiqueiro, tantos fatos desagradáveis que ocorrem no dia a dia da política e da economia nacional.

Eu acho que... se eu tivesse vergonha na cara, diria: "mundo mundo vasto mundo/se eu me chamasse Raimundo/seria uma rima/não seria uma solução".

Isto se eu tivesse vergonha na cara, o que não é o caso!

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Domingo, 05 / 07 / 09

É VERÃO!

Meu primo Clovinel, uma 'figuraça', exporta sapiência e humor para os seus amigos.

Me mandou um material de Luis Fernando Veríssimo que, infelizmente, não posso publicar no Homens&Pássaros.

O assunto era o verão, o que me remeteu imediatamente à minha teoria sobre esta estação do ano, principalmente no Brasil.

Assim:

Você já esteve nalguma praia?

Nunca?

Precisa ir para entender a minha teoria.

Assim: acho que Deus chefia o Brasil no outono, no inverno e na primavera.

Depois, sai de férias e coloca a plaquinha: sob nova direção, e...

O diabo assume no verão.

E o diabo, sabe como é, gosta do que 'não presta'.

Não entendeu?

Faça o seguinte: pegue uma cervejinha, uma cadeirinha bem confortável e sente-se em qualquer praia brasileira, por exemplo: Torres, Bombinhas, Ilha do Mel, Ubatuba, Copacabana, Guarapari, Porto Seguro, Atalaia, Pajussara, Porto de Galinhas, Manaíra, Pipa, Jericoacoara, entre outras e observe.

O diabo existe!: desfila sua figura transvestida de fêmea: ruiva, morena, loira, branca, negra - na passarela dos nossos olhos.

Entendeu, agora?

É impossível não pecar!

O diabo gosta, o Brasil esquece suas mazelas.

Viva o pecado!

Viva uma das únicas coisas em que o Brasil, graças a Deus, ainda é imbatível: o verão.

É verão, moçada!

Aqui o diabo não veste Prada, o diabo não veste nada!
.
TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Blog de TõeRoberto

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