Textos Escolhidos
Um cineasta de sucesso retorna à sua cidade natal quando avisado da morte de um grande amigo seu do passado.
Um amigo que o ajudou a se apaixonar pelo cinema.
A partir desse enredo simples o personagem volta à sua infância e nos mostra um filme onde você chora, ri, reflete, ama, se apieda, fica irado, apaixonado e... com uma sensação de vazio.
Dirigido por Giuseppe Tornatore, estrelado por Philippe Noiret, Salvatore Cascio, Jacques Perrin, entre outros; com música de Ennio Morricone, produção italiana, lançado em 1988, Cinema Paradiso é um verdadeiro hino de amor à 7ª arte.
O Cinema Paradiso também faz parte da minha vida.
Eu também tive o meu Cinema Paradiso.
O meu Cinema tem muita influência dos italianos (até fizeram filmes na minha cidade).
A sala de projeção do Cinema Paradiso é exatamente igual à do meu Cinema.
O projetor preto (fico pensando se não é da mesma marca); os cartazes dos filmes colados nas paredes da escada e da sala; as contínuas interrupções do filme; o projecionista. Tudo igual!
Até a censura dos filmes do Cinema Paradiso era igual à do meu Cinema: feita pelo padre da cidade.
No meu Cinema os únicos filmes livres eram os do tipo Mazaroppi, Marcelino Pão e Vinho e Paixão de Cristo.
O resto, na sua maioria, tinha censura.
O padre do Cinema Paradiso tinha problemas com beijos: cortava todas as cenas, não existiam beijos nos filmes do Cinema Paradiso.
O do meu Cinema não cortava só beijos: cortava pernas, seios, diálogos, lutas, tiros, entre outras coisas.
Os filmes do meu Cinema também eram mutilados pela censura.
Hoje, lembrei-me do filme e da censura.
Da censura do filme e à que fomos submetidos por mais de duas décadas.
Comparei as duas e cheguei à conclusão: todo tipo de censura é abominável, mas aquela do Cinema Paradiso e do meu Cinema chegava a ser lúdica, inocente... engraçada; mas insensatas e absurdas como todas as censuras.
Assista ao filme, você vai se apaixonar.
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(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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