Homens&Pássaros

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Sexta-feira, 05 / 06 / 09

SE EU FOSSE A POLÍCIA

Se eu fosse a polícia eu mandava colocar Brasília dentro de uma gaiola.

Salvo-conduto para o cidadão comum sair e entrar da cidade e prisão albergue para o restante da população.

Creio ser esta a única maneira de proteger o Brasil de todas estas coisas horrorosas que vemos nos jornais todos os dias.

Confinados nos seus escritórios e gabinetes, sem o uso - é claro - de internet e telefones celulares/fixos, lobistas, empresários, comerciantes, profissionais liberais, advogados, políticos, pessoas do Executivo, Legislativo e Judiciário só ganhariam, um por vez, o salvo-conduto depois de apuradas todas as merdas que andam fedendo em Brasília.

A Polícia Federal tá parecendo cirurgião de tanto fazer Operação: Navalha, Sanguessuga, Furacão, Saia Justa, Vampiro, Matusalém, Lacraia, Tempestade no Oeste, Anaconda, Hurricane, Tentáculos III, Mercado Preso II, Mandrake, Confraria, Feliz Ano Velho, Crepúsculo, Shogun, Capela, Zaqueu, 274, Hidra, Têmis, Águia, Planador, Zumbi, Lince, Farol da Colina, Soro, Sucuri, Trânsito Livre, Pandora, Isaías, Hiena, Xeque-Mate etc...

O sujeito, que não está em uma, aparece todo alvoroçado, espumando a boca, criticando, fazendo discurso contra o colega que apareceu na lista e procura se defender a todo custo da acusação. Na próxima lista lá está o infeliz. E ele faz exatamente o que o outro que ele acusava fazia: se defende a todo custo da acusação.Outro faz discurso, espuma a boca... e vão caindo um a um nas malhas dos escândalos. E as caras continuam as mesmas.

A pouca vergonha é generalizada. Nunca vi tanto cara-de-pau na minha vida. Não sei se antes eles eram invisíveis e agora não ou...

A Polícia Federal desmascara, a imprensa fala, fala, fala... roda, roda, roda e fica por isto mesmo. Alguém vem e solta o sujeito. Dois dias depois o infeliz tá pronto pra outra. Aí a Polícia Federal monta outra operação e...

Cadeia no Brasil é só para negro, índio, viado, puta, pobre, desempregado e... ladrão de galinha.

Agora uma coisa podemos dizer: a Polícia Federal, de uns anos pra cá, tem mostrado os dentes e prendido muito safado. Imagina que até o Maluf foi preso! Apesar de que pode ter sido média. No Brasil, autoridade tem mania de fazer média pra mostrar serviço e ficar famoso.

Mas, realmente, o único jeito é a gaiola . Sem ela jamais se dará um jeito na pouca-vergonha generalizada que sempre existiu na Capital Federal.

E pode botar na gaiola que o Ibama não está nem ai: um animal que não corre o menor perigo de extinção é o animal que habita os corredores institucionais de Brasília:

O Corrupto&CiaIltda.

Diga que eu tô errado!!!
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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sexta-feira, 20 / 02 / 09

O FÃ

Textos Escolhidos

 

Visão de mundo é algo particular.

Ouvi duas frases interessantes esta semana:

01) - "Quando eu morava no Brasil...".

02) - "Quando eu me mudei do Brasil...".

O autor das frases: um carioca.

Como entendi:

01) - Quando eu morava no Sudeste...

02) - Quando eu me mudei do Sudeste...

As frases me foram ditas na cidade paraibana de Monteiro, a 300 kms de João Pessoa.

Primeira vez na cidade: encantamento total. O óbvio está na cara.

Aquilo que a Globo mostra para o mundo, o Brasil, geograficamente localizado no Sudeste, não tem nada a ver com o que aqui vi.

Ou aqui não é o Brasil ou o Sudeste não é o Brasil.

São duas coisas completamente diferentes.

Aqui temos uma cidade de músicos, poetas, que têm uma linguagem própria, um ideário comum, um amor de encantamento pelas suas raízes.

Aqui temos um povo que ama... que canta a sua terra.

Um canto visceral, profundo, doído que explode do fundo da alma e canta, com paixão desmedida, a sua terra, a sua gente, as suas origens.

O Brasil sem vísceras, mostrado pela mídia dourada do Sul, não tem nada a ver com o que aqui vi.

A diferença de "quando eu morava no Brasil..." e "quando eu me mudei do Brasil..." encontrei aqui na arte da gente sensível e libertária de Monteiro.

Uma arte ainda intocada pelo toque de Midas dos barões da cultura, que aculturaram a nossa música, a nossa poesia, o nosso carnaval, o nosso folclore e as manifestações artísticas e culturais puras e simples das diversas comunidades espalhadas pelo Brasil afora.

Uma cidade como Monteiro, bem pensada por quem de direito, alçaria voos altos pelo mundo inteiro, simplesmente apresentando de maneira simples e objetiva o seu produto mais significativo: a arte de sua gente.

Turismo limpo, inteligente e seguro para o mundo e o reconhecimento da arte impoluta e maravilhosa de seu povo.

Parabéns, Monteiro!!!

Acabou de ganhar mais um fã!
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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Domingo, 11 / 01 / 09

JOÃO-SEM-BRAÇOS

Textos Escolhidos

 

Era uma vez um cara muito bonitinho, muito queridinho que por ter dois braços, duas pernas, dois olhos, duas orelhas, um nariz, uma boca sorridente, etc; digo, ter todo o corpo em perfeito funcionamento, era chamado de João-Sem-Braços.

Ele, como todo bon vivant do interior, era muito conhecido e muito vivo em questões financeiras, porém não vivia contente com tudo que tinha e fazia, porque o que queria mesmo era se tornar político.

Então procurou um amigo:

Ô, compadre!, queria uma informaçãozinha!

Pois não! - disse o compadre.

Que faço pra sê político?

Ora, compadre, é muito fácil! - respondeu o outro. Basta que você comece a falar de política nos bares e que, nas eleições que se aproximam, apóie um dos partidos, que o dinheiro e a sua cara amiga garantem o resto.

Assim fez João-Sem-Braços.

Depois de dois anos era um grande politicozinho.

Fazia comícios com dois S. Prometia asfalto com U. Pedia apoio com H. Criava comissão com Ç.

Assim foi.

O tempo passou e João-Sem-Braços tornou-se um líder imbatível na política da cidadezinha, isto, apoiado por todos os outros grandes politicozinhos.

João-Sem-Braços, como os outros, além de fazer política, fazia também intrigas, que era a arma secreta dos partidos.

"E a administração?" - perguntavam de fora.

Que nada! João-Sem-Braços, como os outros, erguia o peito na rua como a dizer: "sou o dono desta m... e não aceito opinião!"

João-Sem-Braços, como os outros, era muito corajoso, isto era.

Em época de eleição municipal metia a máscara número cinquenta e nove e adquiria a ousadia de bater na porta da casa da gente para pedir votos.

E dizia:

Bom-dia, gente boa! Sô do partido tar, coisa e tar, e quero mostrá proceis a vantage de votá na gente.

E mostrava mesmo, como se fosse vendedor de produtos Avon. Não respeitava nem mesmo a capacidade de pensar de quem votava. Às vezes, enfiava a mão no bolso (isso quando percebia que a casa era de chão batido ou pau-a-pique) e oferecia o l'argent ao pobre coitado que, ao ver a verminose dos filhos, mais que depressa pegava e jurava devoção completa ao partido.

E era assim por diante: de casa em casa, de bolso em bolso, de sorriso em sorriso.

Como sempre acontecia, João-Sem-Braços, como os outros, vencia a eleição, porém, como era de praxe, não fazia, ou melhor, não tinha condições de fazer nada de proveitoso, a não ser intrigas e mais intrigas.

No meio do povo aqueles que não estavam envolvidos na política e que deveriam estar porque entendiam um pouco mais das coisas, estavam descontentes com a imensa séria de João-Sem-Braços que vinha tomando conta das coisas e já não acreditavam tanto no seu dinheiro e na sua carinha amiga.

Um dia, um amigo mais atrevido procurou-o e disse:

Ô compadre!, queria lhe pedir uma coisa.

Pois peça, compadre!

- Por que você não volta a ser o que era antes?, coisa e tal, tal e coisa, digo, por que não deixa de ser político?

Não aceitou. Ficou ofendido com o amigo atrevido e na reunião da Câmara comentou com os outros politicozinhos:

O povo num tá contente!

O povo não entende nada! - respondeu um deles. Toque o barco, compadre, senão ele vira e a gente se afoga.

João-Sem-Braços que por esta passagem chata de sua vida, quase abandonou a política, ainda hoje está dentro dela fazendo promessas com Ç, administrando com I, projetando com G, tudo dentro de sua grande ingenuidade com J.

Esta é a história de um politicozinho de interior que, com raríssimas exceções, é um verdadeiro "Político Colonial", na acepção de minha modesta palavra, pois outro dia na rua, ouvi um comentário de um dos Joãos-Sem-Braços que muito me comoveu:

Ô compadre!, a política tá me embruiano o estamo!

Por que compadre?

Magina o compadre que arguém tá quereno botá posição!

Oposição, compadre!... Oposição!

É... é isso mesmo! Mas num tem nada não! Já tenho meu gorpe preparado pra esse ano!

Fiquei a rir e saí de perto com medo de que toda aquela doença com dois S me pegasse com Ç, pois fiquem os leitores sabendo com C que João-Sem-Braços com S é a coisa com Z mais contagiosa com J que existe com Z dentro das Câmaras.
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TõeRoberto-11:14-post in jampa/pb

música: Variadas
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quinta-feira, 25 / 12 / 08

É NATAL!

Textos Escolhidos

 

O natal é a festa da hipocrisia absoluta.

É a data onde as pessoas sozinhas ou em grupos, se superam na sua individualidade.

As diferenças se acentuam; os olhos das crianças pobres ficam maiores, seus desejos se multiplicam e fica bem visível o tamanho da boca do abismo que separa as classes sociais.

E tudo é muito natural!

Tudo transcorre na mais absoluta paz!

Os políticos comemoram suas vitórias.

Os corruptos contam seus metais.

A igreja pensa que cumpre sua parte.

A classe média se enche de álcool e colesterol.

Os supermercados engordam suas barrigas gordas.

Os pobres ficam com o resto da grande festa da hipocrisia.

O símbolo da festa, para a maioria dos crentes, fica em segundo plano.

O grande espetáculo é a ostentação.

As esmolas se multiplicam!

As pessoas ficam mais generosas no seu egoísmo e purgam seus pecados distribuindo migalhas aos mais necessitados.

O espetáculo é infame!

Os jornais, as revistas, as rádios e as tevês aplaudem.

Organizam a coleta da esmola em grande estilo: atores, empresários, políticos, músicos, apresentadores, cronistas, jornalistas cumprem seu papel da maneira mais vergonhosa, da maneira mais explícita.

E tudo acontece diante dos olhos do Brasil, um dos países do mundo de índole mais perversa, mais dissimulada e mais desavergonhada no que se refere à distribuição de renda.

Jingle bell! Jingle bell! Jingle bell!

É assim que escreve?

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TõeRoberto-12:25-post in jampa/pb

música: Jingle Bells - Disney's
publicado por Antonio Medeiro às 07:10
Segunda-feira, 22 / 12 / 08

O ESPIÃO

Textos Escolhidos

 

Eta mundinho sem privacidade!

Todo mundo sabe da sua vida, a cor dos seus olhos, a marca da sua cueca, o prato que você mais gosta... suas preferências.

Cuidado! Alguém está sempre de olho em você!

Você não é o personagem da porcaria do Big Brother da Globo, mas do BIG BROTHER do 1984, de George Orwell, aquele!!!...

Veja só:

Outro dia fiz aniversário. Os meus filhos, meus amigos, minha mãe me ligaram. Tudo normal!

Mas qual não foi minha surpresa ao abrir a minha caixa postal: empresas do Brasil inteiro me mandaram mensagens. Fiquei emocionado. É chique, não é?

Uau, a primeira mensagem em inglês! A minha privacidade atravessou fronteiras.

Coisas assim:

Anônimo: "Congratulations! I..."

Shoptime: "TõeRoberto, seu presente..."

X&Y: "Reservamos a máquina..."

Magazineluiza: "TõeRoberto, hoje..."

TC Presente: "Você vai ganhar..."

JJ Ltda: "Seu presente em 24..."

Todos com uma intimidade!... E o melhor: todas me oferecendo presentes! Infelizmente, não abri as embalagens.

Pensei: cacete!, os caras sabem das coisas!

Desconfiado, levantei-me da cadeira, olhei embaixo da mesa, embaixo das camas, atrás das portas, atrás das cortinas e dentro da geladeira.

O espião está na sua casa! Pode ser o seu gato ou o seu cachorro!

Ele sabe o seu nome e onde você mora!

Cuidado! Durma sempre com um olho aberto. Na calada da noite, o Grande Irmão te observa.

A privacidade é uma palavra morta.

TõeRoberto-10:25-post in jampa/pb

música: Pecado Capital - Paulinho da Viola
publicado por Antonio Medeiro às 08:30
Quinta-feira, 18 / 12 / 08

O ANIVERSÁRIO

Textos Escolhidos

 

Lembro-me, como se fosse hoje, do dia do meu nascimento.

Através dos olhos da minha mãe, lá no céu, eu via a lua: grande, pensativa, majestosa.

Pelas suas narinas eu sentia o forte perfume das damas-da-noite e me sentia tranqüilo.

Através da sua mão, na barriga, eu me sentia protegido e pronto para o maior evento da minha vida.

Pelos seus ouvidos, ouvia a orquestra:

"Ai, ai, ai, ai/está chegando a hora/o dia já vem raiando meu bem/eu tenho..."

Mas eu não nasci assim... digo, assim de qualquer jeito; tipo: numa cama ou num hospital.

Você não sabe, mas o Brasil preparou uma grande festa para a minha chegada: bumbos, tambores, zabumbas, pistons, clarinetas, saxofones, tubas, cornetas, sanfonas, fantasias, cantos, danças, muita euforia, alegria e ... as trombetas!

Pelos sentidos da minha mãe eu participava da festa: era muita música... música... música, muita alegria... alegria, vibração... muita vibração!

Festa! Festa! Foram muitos dias de festa!

No dia em que nasci eu senti que a festa estava no seu auge.

Minha mãe dançava de alegria, as pessoas em êxtase, as orquestras extrapolavam os seus limites.

O Brasil, ansioso, aguardava.

De repente, do nada, sem mais nem menos, às 4:10 da manhã, de uma quarta-feira de cinzas, eu cheguei.

Caí e saí pulando no meio do salão cheio de gente.

Não tivesse Macunaíma nascido em 1926...

As pessoas: "Chegou/chegou/General da Bandaê, ê, ê..."

A orquestra: "Ma ma ma ma mãe eu quero/mamãe eu quero/mamãe eu quero mamar/me dá a chupeta..."

Minha mãe: "Menino/você é um docinho de coco/tá me deixando louca/tá me deixando louca..."

Eu: "Daqui eu não saio/daqui ninguém me tira..."

E aqui estou e... confesso: o mundo é muito melhor do que eu esperava!

Chega de conversa! Eu vou é sair, comprar umas cervejas, um engov, um tira-gosto, colocar o cd do Chico para tocar e vou encher a cara.

Parabéns para mim, naquela  data...
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TõeRoberto-10:21-post in jampa/pb

música: O Bêbado E A Equilibrista - João Bosco
publicado por Antonio Medeiro às 05:17
Terça-feira, 02 / 12 / 08

O SONHO

Textos Escolhidos

 

DEU NA INTERNET: "Brasil deverá atingir padrão de vida da Europa de hoje em 2050."

Sacanagem! Eu não vou agüentar esperar até lá!

A não ser que... como é que se chama aquele troço mesmo? Criogenia? Não se chama criogenia aquele troço que a gente fica congelado, não morre e depois eles descongelam a gente?

Eu quero ser descongelado em 2050!

E, só por desaforo, a primeira coisa que eu vou fazer é uma viagem pra Europa.

Vai me dizer que você não fica com inveja dos caras? Corados, saudáveis, cheios de Euros! O Real não vale merda nenhuma pra eles! Tudo é baratinho! Eles comem o que querem, quem eles querem! Dormem onde querem e ainda voltam pra Europa com um monte de Euros, de fotografias bacanas no bolso e falando mal da gente?

Eu quero viajar pra Europa só pra falar mal deles e eles, mesmo assim, ficarem com inveja de mim.

E vou levar Real! A moeda do Mercosul?

E vou fazer lá tudo o que eles fazem aqui. O que eu mais quero é ir a um restaurante bem chique. Vou pedir um prato de comida bem caro. Só pra mim! Igualzinho a eles! Tô com o saco cheio de dividir prato em restaurante. Brasileiro só come prato caro se dividir com o amigo. E sai com fome do restaurante!

Cara!, já pensou que barato? Você acordar num mundo sem Lula, sem Maluf, sem FHC, sem Serra, sem Bush, sem Faustão, sem Silvio Santos, sem Fantástico, sem BBB! Sem o Michael Jackson?

Já pensou você acordar com o salário mínimo valendo 50 paus? Todo mundo com dente na boca. Roupa bonita. Casa. Carro 1000. Todo mundo jogando lixo na lixeira. As crianças na escola. Emprego pra todo mundo. Os rios limpos. A polícia educada. Os políticos... tô querendo muito, hem?

Eu vou parar por aqui!

Tô parecendo o Raul Seixas, com o seu Ouro de Tolo!

Até 2050!

Que frio!!!
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TõeRoberto-10:01-post in Jampa/pb

música: Anônimo Veneziano - Paul Mauriat
publicado por Antonio Medeiro às 05:11
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