Tanto faz
agora que a cidade me estranha
estou certo de que nasci para cantar
estou certo de que meu sonho é o arco-íris
que renasce a cada tarde que eu sonhar.

Estou certo
isto eu digo
estou certo
não há nada que fazer quando eu falar
o meu rumo é o espaço definido
entre o correr
o fluir e o voar.

Não importa que as portas vão fechando
quando eu penso em partir
em decolar
o que importa para mim e a minha vida
é construir novas portas pra se entrar.

Estou certo
vou cantando
estou certo
o meu corpo é minha nave
o meu lar
eu não quero destruir as minhas luzes
pelo fato de alguém me pilotar.

Vou cantar
nada impede
vou cantar
estou cansado de ouvir alguém cantar
para a vida de quem quer sonhos precisos
é necessário todo o palco ocupar
senão os cantos que virão pelos ouvidos
serão os cantos
de quem sonha sem sonhar.

Para cantar é necessário cumprir ritos
voar solene sobre o nada
o pó e o grito
do fantasma de sermos todos um calar.

E calar não é nada
não é vida
é simplesmente reduzir-se ao não voar.

E vou voar
vou voando para o alto
e ao sentir que o sonho é infinito
nada mais quero
que manter meu equilíbrio
entre o meu sonho
o meu voo
e o meu grito
que prenunciam a manhã
que vai raiar.
(São Paulo/Sp)

publicado por Antonio Medeiro às 14:06