O pobre sentia frio
que fazia pena,
e quanto mais pena fazia,
mais frio o pobre sentia.

 

E na carne entrava o frio,
na alma entrava a pena,
e quanto mais pena entrava,
mais frio na alma fazia.

 

A carne o frio açoitava,
a alma a pena feria,
e o pobre do pobre, coitado;
calado, calado, sentia,
em todas as penas sentidas,
por todos os frios da vida,
a posição superaquecida
do cinismo social.

.
TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 05:00