Só pra registrar!
Ano: 1930 e alguma coisa.
Palco: Uma fazenda, em Minas Gerais.
Cena: Uma mulher, em agonia, parindo.
Resultado: Morrem mãe e filho.
Homem, desde que o mundo é mundo, sempre pensa com a cabeça errada. O marido não foi exceção.
Colocou dentro de casa uma mulher jovem, bonita e....
Consequências: a irmã mais velha, queimada; a do meio, pernas fraturadas; a mais nova, marcas das belas unhas da madrasta pelo corpo inteiro.
Numa época x, de comportamento y, as três irmãs foram tipo doadas - na acepção da palavra - para as irmãs do fazendeiro.
Duas tiveram um pouco mais de sorte; a mais velha, não.
Com 06 anos sentiu a dor do trabalho pesado. Enfiada no trabalho da casa: ama-seca de meninos maiores que ela, faxineira, lavadeira, passadeira, cozinheira e tudo o mais. E algumas coisas bem mais humilhantes que lavar latrinas: tipo escovar os cabelos da sua "patroa".
Analfabeta entrou/analfabeta saiu; com a roupa do corpo entrou/com a roupa do corpo saiu quando deixou de trabalhar para a sua "patroa" depois de 40 ou 50 anos de trabalho duro.
Cruel, egoísta, dissimulada, desprovida de piedade, amor, carinho, solidariedade: assim era sua "patroa".
Uma mulher que escondia comida dos próprios filhos.
Escondia tanto que a comida se perdia: enfiava maçãs, peras, uvas, pêssegos dentro dos guarda-roupas e gavetas e esquecia. Lá ficavam: na limpeza, achavam montes e montes de frutas podres.
A avareza era tanto que não permitia coisas boas nem para ela.
A única pessoa que conheci que não gostava de música.
O assunto é longo. Dez romances no mínimo.
Mas ela se foi - me lembro quando se foi.
Disse, no leito de morte, que ninguém gostava dela. A única vez que foi sábia na vida.
Pessoas desse tipo precisam de muito amor e carinho. São pessoas mal-amadas. Crianças que tiveram uma infância muito infeliz. Disciplina rígida e educação voltada para o egoísmo absoluto.
Este tipo de gente ainda existe.
Um conselho: se elas forem adultas, fique longe delas; não são boas companhias.
Como eu disse: só pra registrar!
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TõeRoberto