Homens&Pássaros

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Sexta-feira, 23 / 12 / 11

2011, mais um natal em minha vida

Já escrevi dezenas de textos/poemas a respeito do Natal.


Sempre a mesma lengalenga!


Injustiças/egoísmos/riqueza/pobreza.


O Natal sempre nos traz o ter e o não ter, o poder e o não poder.


É quando também nos lembramos de nossas perdas: pais, filhos, irmãos, amigos.


E nossos ganhos: filhos, netos, amigos novos.


É uma data que mexe com o imaginário do mundo ocidental.


Muitas histórias por trás: muitas verdades, muitas mentiras.


Mas é educação!


Somo um país católico e fomos educados para sermos hipócritas, egoístas... teoricamente preocupados com as injustiças sociais e para acreditarmos no espírito natalino.


E desde crianças somos obrigados a gostar e a respeitar o Natal.


Então, para não fugir da regra, só posso desejar - esta é a palavra - a todos os meus amigos e familiares, à minha companheira, à minha mãe, aos meus tios&tias, aos meus primos&primas, aos meus sobrinhos postiços, aos meus filhos, aos meus netos, aos meus genros, às minhas noras, aos meus filhos postiços, aos meus netos postiços, à minha sogra, aos meus cunhados&cunhada aos meus poodles, um tranquilo e feliz Natal.


E acrescento: este ano todos os meus filhos, netos (menos uma), genros, noras (menos uma) estão comigo aqui em Jampa; menos os amigos, que este ano estão por esse mundo afora.


Está sendo legal!


Vamos nos divertir.


Só não exagerem na opulência!


Que ainda tem a passagem do ano!


E o fígado não é de ferro.


Nem o bolso!


TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 17:15
Sexta-feira, 16 / 12 / 11

Fobias

Estou aqui, sentado no canto da sala!


Foi o lugar que achei pra me esconder do mundo... de mim mesmo, mas sei que este não é o lugar!


Pensei em me esconder no lugar mais alto do mundo, mas sou acrofóbico.


No lugar mais escuro do mundo, mas sou acluofóbico.


No menor espaço do mundo, mas sou claustofóbico.


No lugar mais profundo do oceano, mas sou batofóbico.


No lugar mais movimentado do mundo, mas sou agorafóbico.


Pensei em me esconder dentro da minha cabeça, mas sou ideofóbico.


Pensei... mas sou fronemofóbico.


E, na verdade, quero apenas me esconder de mim mesmo, mas sou autofóbico.


Quero, mesmo com os meus medos, achar a minha solução.


Quero enfiar a alma dentro do coração.


Quero me excluir do mundo, no que se refere à minha abstração.


Deitar a cabeça na palma da mão, com aquele ar de biofóbico, gente que tem medo da... ah, você sabe do que estou falando!


E dormir!


Que é no sono que está o lugar mais seguro do mundo.


A não ser quando as ondas gigantes invadem, na madrugada insone - sou cimofóbico -, e sonho que não vou mais acordar.


E me debato desesperado nas ondas imensas do sonho, mergulhado na minha fobofobia.


E me sinto agliofóbico.


Solitário.


Pensando numa gigantesca palavra para explicar as minhas atitudes, mas sou hipopotomonstrosesquipedaliofóbico.


E choro, mas sou catagelofóbico.


E também oneirofóbico!


E...


TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 15:13
Sexta-feira, 09 / 12 / 11

De 4

Manfredo desceu do trem e olhou as horas:


23:55.


Procurou, com os olhos, pela plataforma e 1/2 que ficou chateado.


Subiu a jaqueta para proteger o rosto e saiu da estação.


8 graus, apontava o termômetro.


Começou a andar.


Joselívia na cabeça, uma dorzinha chata de cabeça, a cabeça na noite escura.


Ela deveria estar na estação, pensou.


Afinal 2 anos são 2 anos!


Na seca, os demorados 2 anos... na seca!


Caminhava, a cabeça doía, e pensava naquelas coxas, naqueles peitos, naquela boca... naquela bunda!, que era o que mais gostava.


E pensava:


Ah, Joselívia, tesão da minha vida! Hoje eu te pego! 2 anos, Joselívia, 2 anos! Te ponho de 4. Te dou um trato. Te arrebento... me arrebento e até me mato... e te mato!


A noite, a cabeça... Joselívia.


Desceu a rua, e avistou a casa.


Ficou excitado... pensou naquilo, naquiloutro, naquela, naqueloutra.


Chegou à porta da casa, olhou o relógio:


00:31.


Passou a mão no meio das pernas:


Uma comichão.


Quando ia bater na porta, ouviu um ruído na casa.


Xeretou na janela, a cortina semiaberta e viu:


Joselívia de 4...


Gelou... e o gelo desceu até o meio das pernas.


A cabeça doía, Joselívia de 4... aquela bunda!

 

Contou até 1, enfiou o pé na porta e entrou.


A cabeça doía, Joselívia...


De 4, Joselívia fincou olhos nos olhos de Manfredo e a perplexidade tomou conta da noite... e dos corações acidentados.


E o apito triste do guarda-noturno ecoou pela cidade adormecida.

 

TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 22:41
Sexta-feira, 02 / 12 / 11

Da cor do pecado

Naquela manhã Alzeredo contrariou Risoneide pela 3ª vez.


Risoneide só olhou com o rabo dos olhos, jogou a roupa suja no tanque e começou a esfregar.


Fervendo por dentro, começou a contabilizar mentalmente as roupas:


Calça de Alzeredo. Calcinha de Risoneide. Camisa de Alzeredo. Vestido de Risoneide. Cueca de Alzeredo. Cueca de Alzeredo. Blusinha de Risoneide. Meia de Alzeredo. Camisa de Alzeredo...; parou, ficou pensativa, levou a camisa no nariz e sentiu o perfume... respirou fundo.


Levou a camisa no nariz e cheirou novamente...


Lá estava o cheiro: claro, cristalino, forte, barato... de mulher!


Contou até 10, mas não se virou.


Ficou de pé, com a barriga no tanque, com a camisa na mão; branca - morena que era - como uma vela.


Alzeredo, no banheiro, fazia a barba.


O café estava na mesa: suco de laranja, leite, café, bolacha de maizena, pão, manteiga, goiabada e queijo.


Alzeredo, no banheiro, cantarolava:


Este corpo moreno cheiroso, gostoso que você tem...


Risoneide, com a camisa na mão, o coração querendo sair pela boca... uma coisa ruim por dentro, uma vontade de arrancar aquele tanque com uma porrada, de cortar os pulsos... tomar veneno.


No 'tomar veneno' olhou na prateleira, acima do tanque, e viu uma embalagem verde, com a foto de um rato... uma caveira desenhada.


Ficou sem fôlego, mas pensou... que pensou, pensou!


Ficou 1/2 que sem jeito com o pensamento.


Alzeredo, no banheiro:


É um corpo delgado da cor do pecado que faz tão bem...


O sangue fugiu dos lábios de Risoneide.


Fixou novamente os olhos na embalagem verde, com a foto de um rato... uma caveira desenhada.


Um troço ruim percorreu todo o corpo: como uma onda começou na cabeça e terminou nos pés... e sacudiu o sangue.


Furiosa - em silêncio - jogou a camisa no tanque, pegou a embalagem verde e foi para a sala.


A mesa de café: suco de laranja, leite, café, bolacha de maizena, pão, manteiga, goiabada e queijo.


Olhou para o suco de laranja, com a embalagem verde na mão.


Num movimento rápido, fez o sinal da cruz, despejou o troço no suco de laranja, mexeu e correu de volta para o tanque... o coração saindo pela boca.


E continuou esfregando e contabilizando:

 

Bermuda de Alzeredo. Sutiã de Risoneide. Camisa de Alzeredo...


E, no banheiro, Alzeredo:


Este beijo molhado escandalizado que você me deu...


Risoneide esfregou a camisa perfumada com força.


E ouviu quando Alzeredo saiu do banheiro, passou pela mesa de café, pegou o copo de suco de laranja... e cantarolou:


Tem um sabor diferente que a boca da gente jamais esqueceu...


TõeRoberto

publicado por Antonio Medeiro às 17:54
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