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Sexta-feira, 30 / 09 / 11

Sonhos

São tantos os sonhos
mas os preços são tantos
que aqui estou com você
nesta cidade sem nome
nesta cidade sem rosto
nestas ruas com gente
sem roupas, sem dentes, sonhos
pagando preços que vão
da orla suja do mar
ao leito seco do rio
do gosto amargo da fruta
ao cheiro podre do lixo
do fundo frio do bolso
aos tristes olhos sem brilho
do magro rosto do cão
ao feio corpo dos filhos.

Aqui estou com você
pagando tão pouco por isso
que sinto no rosto a vergonha
de por isso ficar triste
nesta cidade sem nome
nesta cidade sem rosto
nesta cidade sem sonhos
nesta cidade sem homens
nesta cidade sem vida
nesta cidade que é preço
nesta cidade que é víscera
nesta cidade sem corpo
nesta cidade agonia.
Recife/Pe

publicado por Antonio Medeiro às 15:30
Sexta-feira, 16 / 09 / 11

O meu amigo Adriano, o Gatão

Devo ao meu amigo Gatão muito do que sou.

Abriu-me as portas do mundo.

Estudantes e futebolistas que éramos, fizemos sólida amizade.

Ele, filho de comerciantes; eu, de operários.

Crianças éramos!

E juntos quebramos velhas regras do conservador Colégio Estadual Dona Alice Autran Dourado - Guaranésia, MG; mas não vou falar disso.

E também quebramos regras das comunidades de italianos, espanhóis e portugueses que não permitiam muito abertamente a relação de amizade entre pessoas remediadas - classe média, antigamente -, e pobres - miseráveis, hoje.

A amizade sobreviveu.

Abriu-nos o espaço e fomos trabalhar em São Paulo.

Lá iniciamos nossa caminhada rumo à vida.

Ficamos desempregados, procuramos emprego a pé, trabalhamos em bancos, em serviços temporários, demos cano em ônibus, passamos fome, comemos de marmita, catamos bitucas de cigarro nas ruas, misturamos concreto, batemos lajes e começamos a curtir o nosso couro para as selas que carregaríamos pela vida afora.

Infelizmente, aos 43 anos meu amigo Gatão se foi; eu fiquei - e, anos depois, aqui estou relembrando, neste momento, as nossas dezenas de histórias.

Entrei no mundo pelas suas mãos.

E até parte do meu pseudônimo - Tõe - veio do meu amigo Gatão.

Foi a única pessoa que conheci que sempre me chamou de Tõe.

Daí o TõeRoberto, hoje.

Saudades do meu amigo Gatão.

Longos anos se passaram desde a sua partida e, hoje, me lembrei do seu sorriso - era bonachão - e ouvi a voz do menino dos nosso 15 anos.

Passa a bola, Tõe!, passa a bola!!!

Um abraço onde você estiver, amigo Gatão!

E para você a música Rock And Roll Lullaby - de B. J. Thomas que você tanta gostava.

publicado por Antonio Medeiro às 19:30
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