Sou um dinossauro!
Mas escapei da extinção e me 'modernizei'.
Estava lembrando: porra!, escrevi trocentos textos na minha maquininha portátil da Remington.
Participei de concursos literários - ganhei alguns - usando gramáticas e dicionários para fazer as correções gramaticais e ortográficas dos textos.
É como furar um buraco no concreto com uma picareta.
Principalmente para mim que sou um medíocre conhecedor da língua.
Aos trancos e barrancos fui...
Sobrevivi às dificuldades de ter que "estudar português" para redigir um texto simples.
Fui dessas pessoas que lia muita literatura e textos técnicos.
E dei meus tirinhos nos caminhos da literatura; isso com as mãos e cabeça sangrando.
Hoje estou aqui.
Mas não sofro mais.
Criar é bem gostoso e é gratificante.
E corrijo os meus textos no computador; chique, não?
Dirão os...
Um esquerdista de merda!
Deveria é estar fudendo com o Bill Gates.
Não elogiando a expansão da tecnologia imperialista que... blablablá, blablablá, blablablá...
Problemas com o capitalismo à parte, a idade da pedra já se foi.
Se a tecnologia é mal utilizada cabe a nós mudar isto.
A globalização é um fato consumado, e pronto, e junto com ela se concretiza toda a tecnologia na qual ela se sustenta.
Sou humanista, não sou capitalista.
Mas não posso fechar os olhos e fingir que a tecnologia não existe.
E se ela existe é pra ser utilizada.
Amo a liberdade, a natureza, a beleza, o romantismo e a justiça social.
Mas também corrijo os meus textos nos programas do Bill Gates.
E acho que isto é inevitável!
A cultura e o conhecimento humano estão sendo transferidos para a memória das máquinas.
O capitalismo, infelizmente, se locupleta.
E teremos de suportar isto até o dia do seu juízo final.
É por isto que guardo num cofre de segurança máxima a minha maquininha portátil da Remington.
Para escrever os meus textos no dia em que o sistema entrar em colapso total.
E vai ser um saco voltar a pesquisar gramática e dicionário!