Sempre fui ingênuo.
Sempre acreditei na bondade da raça humana.
Morei em São Paulo, Olinda, Recife, Santos, Ilhéus, João Pessoa - grandes cidades - e nunca tive a infelicidade de ser assaltado ou sofrer qualquer tipo de violência.
Enxergo a sociedade como um filme.
É como se fosse uma fantasia.
E violência é ficção.
Vamos dizer que fiquei folgado.
Vítima que não fui, acredito na solidariedade humana.
Acredito na bondade infinita do ser humano.
Mas o mundo não é o que eu gostaria que fosse.
Os dados da mídia desmentem o meu otimismo.
Dizem que eu tenho que tomar cuidado... que o ser humano é um animal mau, cruel... e violento.
Mas sou teimoso: saio pelas ruas de João Pessoa e não consigo enxergar isto.
Acho que não está na minha índole enxergar a maldade.
Se é que os maus trazem uma estrela na testa... ou os bons!
Segundo a mídia, amanhã posso ser vítima como qualquer um.
E dirão: se fodeu por excesso de otimismo!
Acredito que é melhor se foder com otimismo do que com pessimismo.
O sol nasce para todos.
A chuva lava as nossas almas.
A noite nos acalenta ou nos esconde da vida.
Mas se for para achar de verdade que o ser humano é mau, cruel... e violento, se for pra levar meramente pelo lado do instinto - animal que sou -, aí eu poderia dizer:
Tomem cuidado comigo!
Eu também sou mau.
Sou tão mau quanto você.
Sou capaz de foder qualquer um.
Um político, um vizinho chato, o colega de trabalho, um amigo, a minha mulher e o meu filho... aquele filho da puta que fodeu o 'Parmêra' marcando um gol aos 46 minutos do segundo tempo.
Você não conhece a minha maldade... nem a sua.
Ela está lá, escondidinha... só esperando ser provocada para sair.
Mas, felizmente, não estou falando de animais, estou falando de seres humanos.
Viver e ser humano é humano; não 'animal', como dizem hoje!