Homens&Pássaros

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Terça-feira, 30 / 03 / 10

Vendo o mar

Cantatas
prelúdios
serestas
hinos.

Orquestra sinfônica
do instinto.

O mar:
verde música
do menino.

publicado por Antonio Medeiro às 09:53
Terça-feira, 23 / 03 / 10

Carta ao meu filho

Meu filho:

Quando você começou a sair da minha vida, preparado eu estava para perder um braço, uma víscera, um pedaço do coração.

Preparado eu não estava para ficar sozinho com o meu egoísmo.

Poderia te dizer que te acompanhei na barriga.

Que te vi nascer.

Engatinhar.

Andar.

Murmurar 'pai' pela primeira vez.

Adoecer.

Crescer.

Ir pra escola.

Se tornar um moço.

Um homem.

Poderia dizer que te amo e que você é uma das coisas mais importantes da minha vida.

Que você é algo muito bom para o meu ego.

Poderia dizer que, mesmo ao te ver exercitando a tua rebeldia e teu, às vezes, difícil comportamento, ainda assim te olho com orgulho e esperança.

Como se fosse a extensão da minha vida, lá na frente... no futuro distante.

Poderia dizer que você sempre, com teu carisma e simpatia, arrebatou o coração de muitas pessoas e, principalmente, de um pai.

Que você, desde que nasceu, nasceu fadado a ser um menino, um moço, um homem de boa índole e de boas coisas.

Poderia dizer que você, embora adulto, ainda cheira ao leite materno e não passa, para mim, de um menino meio desatento no meio da selva perversa da juventude.

Que o meu sonho de te ver feliz, saudável e bem localizado, no mundo de loucos, é apenas o desespero de um pai apaixonado pelo filho.

Poderia dizer que eu, como quase todos os pais, cometi os meus erros, os meus excessos, as minhas faltas e ausências e, principalmente, longas omissões em relação ao andamento da tua vida longe do convívio de casa.

O que, de uma maneira ou outra, concorde eu ou não, acaba justificando parte das tuas atitudes, parte do caminho que você passou a caminhar em busca do que você julga importante para a tua vida.

Poderia te dizer que eu deveria ser extremamente duro com você - gritar, berrar, urrar nos teus ouvidos, te colocar numa cama de pregos - para te fazer trilhar, à força, os rumos que eu pretensiosamente julgo ser os corretos para você.

Que os meios justificam os fins e pronto!

Poderia te dizer muitas coisas, muitas palavras, elogios, críticas, confessar coisas inconfessas, te dizer que te amo mil vezes.

Que somente o amor é capaz de redirecionar vidas para os horizontes perfeitos.

Mas não vou fazer isto.

Gostaria apenas, como muitas vezes fiz, de te olhar dormindo na segurança das minhas asas, passar as mãos pelos teus cabelos, arrumar o cobertor sobre você e ficar novamente ali - feito bobo - me derretendo de orgulho por você existir, por você fazer parte da minha vida.

Gostaria apenas que você repensasse a tua vida e, como uma fênix renascida das cinzas, se envolvesse nos meus braços e ficasse em paz na convivência da tua família.

Um beijo!

Um abraço!

Obrigado por você existir!

publicado por Antonio Medeiro às 08:25
Segunda-feira, 15 / 03 / 10

Plantação

O avião (zããããoooo...)
semente caindo
semente caindo
chegando ao chão.

Consumada a plantação.

Num segundo
o cogumelo nasce
bem grandão!

publicado por Antonio Medeiro às 07:58
Segunda-feira, 08 / 03 / 10

Diagnosticando os diagnósticos

Prepare-se!

É regra!

Não tem como fugir!

A pós os 50 anos você entra na idade dos diagnósticos.

De todos os tipos: insossos, fajutos, terríveis, horripilantes, mortais.

O ombro...

O fígado...

O dedo...

A boca...

O baço...

O ouvido...

Os dentes...

A próstata...

O rim...

O coração...

O pâncreas...

O pulmão...

O intestino...

O saco...

A coluna...

O joelho...

A bunda...

O cérebro...

Escolha o cardápio!

Noites sem dormir, angústia, agonia... desespero!

Mas eles existem: os diagnósticos!

E servem para nos manter mais ou menos vivos ou mortos.

É uma merda!

Odeio diagnósticos!

E um dia...

O diagnóstico final!

The end!

C'est finit!

Fodam-se os diagnósticos!

Prefiro a surpresa da morte que a morte anunciada.

Isso é coisa de literatura latino-americana.

Quero morrer em segredo!

Sem ninguém pra ficar me lembrando que eu estou fodido.

publicado por Antonio Medeiro às 09:38
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