Homens&Pássaros

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Segunda-feira, 29 / 06 / 09

SE EU FOSSE DEUS

Se Eu fosse Deus começaria tudo de novo!

A coisa não tem mais jeito. A continuar assim a minha tão perfeita criação vai se extinguir.

Primeiro Eu arrumaria um jeito - não se esqueça que sou Deus - de sumir com esta praga que tomou conta do planeta: nós!

Sei lá: arrumaria uma prisão-escola numa galáxia distante e colocaria todos nós lá, para que Eu pudesse ficar em paz para dar um jeito de arrumar a bagunça que está aqui embaixo.

A bagunça é tão grande que, mesmo sendo Deus, Eu iria demorar um bocado de tempo pra colocar tudo em ordem.

Vejamos:

A) - diminuir as cidades; devolver aos seus lugares primitivos os rios, os lagos, as montanhas; devolver aos seus lugares as plantas, as flores, os frutos, as aves, os animais, os peixes, as chuvas; verdejar os desertos, refazer as geleiras; refazer o verão, o outono, o inverno e a primavera; despoluir os rios, os mares, o ar, o solo; desaparecer com elementos naturais que Eu criei inadvertidamente: tipo urânio, ouro, diamante, prata, entre outros; desaparecer com políticos, empresários corruptos, os senhores da guerra e da fome; sumir com coisas que possam lembrar, poder, riqueza e cobiça.

B) - Devolver ao planeta as serenatas, a poesia, o modo simples de ser; devolver o contato com a natureza; o céu azul, os luares, os pores-de-sol; aquela pescadinha nas manhãs de domingo; aqueles passeios e namoros na pracinha da igreja, à noite, sem medo; aquele joguinho de futebol no campinho da rua de cima; aquela nadadinha no poço do Seu Delorenzo, no riozinho da pequena comunidade.

C) - Devolver as hortinhas de fundo de quintal, o porquinho no chiqueiro, as galinhas no galinheiro, a cisterna de água límpida e - se um pedacinho a mais de terra - aquela vaquinha leiteira.

D) - Devolver a cortesia, a educação: Bom-dia!, fulano. Boa-tarde!, sicrano. Boa-noite!, beltrano.

E) - Devolver a pureza e a educação aos jovens; a graça e a esperança aos velhos; devolver o prazer de pitar, sem culpas, aquele inocente cigarrinho de palha que sempre fez parte da nossa vida; devolver a virtude, a piedade, a compaixão, a amizade e a bondade aos nossos corações insensíveis.

Isto como primeiro passo. Aí Eu descansaria 07 dias e tiraria, dessa vez, a costela de Eva e nos reinventaria de novo.

Aí Eu pensaria mais 07 dias antes de trazer a praga de volta.

Se Eu fosse Deus sonharia com isto todos os dias.

Apenas sonho, porque sei que mesmo sendo Deus, salvar a minha criação é uma tarefa para o Deus que está acima de mim, o Deus das causas perdidas, o Deus que, de vez em quando, me puxa as orelhas por Eu ter criado o predador que está destruindo a minha própria obra-prima.

Se Eu fosse Deus pensaria nisto.

E acho que deixaria a praga na prisão-escola da galáxia distante por pelos menos uns 20 séculos.

Tempo para que tudo voltasse ao normal.
.
TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sexta-feira, 26 / 06 / 09

JOÃO TEODORO... SEM FUGA

João Teodoro
sem inspiração
transpõe as órbitas
na imaginação.

 

Lua torta
estrela morta
espaço porta
movimento de mão.

 

Um cão
da constelação
ladra feroz
afugenta o ladrão.

 

João Teodoro
enxuga o suor
esquece o instante
põe-se a arar.

.
TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Terça-feira, 23 / 06 / 09

VAGINA

Sem preconceitos, quero falar da vagina:

Abocanha-caralho, acarajé de pelo, aranha, atiça rola, bacurinha, bandida, bigoduda, bironguina, buceta, caetana, carne mijada, cheirosa, desdentada, desejada, desgraça de macho, encrenca, espanta-viado, esperançosa, faminta, feiosa, fogosa, ganha-pão, gereca, grelho, hagibrina, hururu, inferno, ingrata, inominável, jóia, jubiraca, jurupoca, ki cheirinho, kona, lambedeira, lambuzada, lindinha, mãe da vida, majestade, mardita, naruska, nascedouro, ninho de cobra, olhuda, ordinária, ostrinha, paga-conta, pecado, perereca, periquita, perseguida, quebra-pinto, querida, rachada, recreio, ritinha, safada, sem-vergonha, suvaco-de-coxa, tabaca, tarraqueta, testa larga, urna, usurpadora, valiosa, viela funda, vulva, xana, xenga, xoxota... vagina etc etc etc.

Ruivas, negras, castanhas, galegas, brancas, pixains, enroladas, lisas, carecas - não importa: a vagina é um perigo, uma aventura que queremos viver.

É arma secreta guardada a 7 chaves.

A vagina é a perdição de metade da humanidade. Por ela derrubam-se governos; erguem-se templos; fortunas evaporam; promessas são feitas. Por ela homens e mulheres se aprisionam, bebem, fumam, não dormem, lutam, se matam... matam!

É o objeto de desejo da felicidade masculina... e feminina.

Por ela rastejamos, tomamos banho, ficamos sujos, latimos, temos emprego, dinheiro, carro, poder... por ela levantamos e deitamos a cada dia.

A vagina, ao contrário do pinto, só tem uma cabeça. Inteligentemente ela deixa o pinto pensar que é ele quem manda no mundo.

Recatada, se oferece aos poucos.

Esperta, só uma encostadinha.

Dengosa, ah, amorzinho!

Inocente, só a cabecinha!

Maquiavélica, vestido branco e flores na janela.

É a senhora absoluta do lazer. Com uma vagina nas mãos não precisamos de dinheiro, de energia elétrica, de água ... comida. É um brinquedo maravilhoso, fantástico. A gente usa, usa, usa... lavou, tá novinha em folha, pronto pra ser usada novamente.

Mas não se meta com a vagina!

Para nós, que só pensamos com a cabeça errada, os resultados são imprevisíveis: maridos traídos, doenças, crianças, preocupações: "Que merda que eu fiz!". "Tô ferrado!". "Minha mãe me mata!". "O corno me mata!". "Minha mulher me capa!". "Vou ser pai!". "Tô doente!". "Meu Deus!". "Meu Deus!". "Meu Deus!".

Mas e daí? A vagina é a felicidade perseguida.

Somos escravos absolutos da sua generosidade: à luz nos trouxe, à embriaguez do prazer nos conduz.

Sem ela a vida seria... Deus nos livre! Sem ela... não gosto nem de pensar!

Uma boa mãozada para a vagina, ela merece!

E vê se fica comportado aí, ô rapaz!
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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Sábado, 20 / 06 / 09

OLHO MÁGICO

Olho no olho
carne no vidro.

 

Resultado:

 

um ser com cara
de estúpido.

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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quarta-feira, 17 / 06 / 09

DESOCUPADOS

Deu na UOL: "Fofoca faz trabalhadores desperdiçarem 13 dias por ano."

Me fala se não tem gente tarada no mundo. Tem gente que fica bolando malvadezas pra cima da gente.

Coisa de inglês, melhor: coisa pra inglês desocupado ver.

Cacete! Os caras não têm o que fazer? São todos uns tarados.

E sabe o pior? O Brasil adora copiar merda de gringo. Já já tem algum imbecil fazendo esta pesquisa por aqui.

Rapaz, o negócio vai ser feio!

Vai dar revolução na certa.

Como eles vão proibir a turma de contar o capítulo da novela?

A beleza que foi o Faustão!

O Fantástico!

E o pênalti que o coringão perdeu!

E o Flamengo!

Aquela pizzaria!

Tô comendo a Ludinalva!

O churrasco...

A viagem...

A pescaria...

Tô menstruada!

O chefe de cara cheia!

A mulher do chefe...

Preguiça!

Sabe o Lorenaldo? Menina!!!...

Revolução na certa!

Pra proibir fofoca tem que cortar o cafezinho.

Se cortar o cafezinho já viu!

Pelo amor de Deus, minha gente!

Essas coisas não servem pra nós!

Nós somos um povo fofoqueiro por natureza.

Inglês é aquele bicho meio tontão, meio idiota. Pra eles serve!

Vamos ficar de olho.

Quando o desocupado-tarado aparecer na repartição vamos fazer uma fofoca bem cabeluda pra cima dele.

Quem sabe ele se muda pra Inglaterra e nos deixa em paz.

Por falar em fofoca, você ficou sabendo...
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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Domingo, 14 / 06 / 09

ESCONDERIJOS

O grito, nunca!

Antes, o insepulto silêncio
o gosto da quietude na saliva
o desmedido e improvável abismo
o sumo das entranhas insensíveis
o mesmo indelével acalanto
forjando o murmúrio latejante
do eco visceral, extravagante
morto, esmagado, umedecido
nos mil esconderijos da garganta.

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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
Quinta-feira, 11 / 06 / 09

BABÃO

A maior esperteza do diabo, dizem, é fazer o mundo pensar que ele não existe.

Beraldo não sabia disso no dia em que viu Josineide pela primeira e única vez.

Beraldo trabalha no Bradesco. Sua mesa, de frente para a parede de vidro, de frente para o ponto de ônibus.

Beraldo a viu pelo vidro: parada no ponto de ônibus, morena, sainha jeans - curta - blusinha branca - decotada - passava a língua pelos lábios carnudos e vermelhos no exato momento em que Beraldo a viu.

Pense numa coisa bonitinha! Essa coisa era Josineide.

Sabe o filme do Máskara, quando o coração de Jim Carrey saltou para fora do peito e ele uivou como o Pluto quando viu a Cameron Diaz dançando? Assim aconteceu com Beraldo quando viu Josineide passando a língua pelos lábios carnudos e vermelhos.

Se babou todo, até lágrima saiu tamanha a paixão que tomou conta do seu coração desesperado.

Josineide, pelo vidro, viu que ele viu. Colocou aqueles olhos verdes sem tamanho bem dentro dos olhos de Beraldo e deu uma arrumadinha na calcinha, lado direito, na frente, por cima do jeans e tirou o cabelo da testa.

As pernas de Beraldo amoleceram e um arrepio subiu da sola dos pés e arrepiou os cabelos. Abriu a boca... só babou!

Os olhos verdes em cima de Beraldo, abaixou-se para pegar alguma coisa no chão: os peitinhos saltaram para fora, empinadinhos, rosados... oferecidos! 1 milhão de segundos foi o que durou a cena para Beraldo... e ele babou!

Os olhos verdes em cima de Beraldo, Josineide sorriu, de leve, com o cantinho esquerdo daqueles lábios carnudos e vermelhos. Arrumou novamente a calcinha, agora pelo lado esquerdo, atrás, por cima do jeans e tirou o cabelo da testa.

Beraldo uivou novamente... e babou!

Não aguentava mais. Contou até 10 e quando tomou coragem e se levantou para ir até ela... o ônibus chegou.

Ela não subiu. Mas o mulato bonitão, fortão desceu. Agarrou Josineide pela cintura, apertou-a com força e deu-lhe um daqueles beijos de língua... de filme pornográfico.

Beraldo amoleceu... e babou!

Josineide, na hora do beijo, os olhos verdes em cima de Beraldo, deu uma piscadela com o olho esquerdo. Aí abraçou o mulato fortão e saiu do ponto de ônibus balançando as ancas... como uma potra.

E Beraldo, pelo vidro, viu aquela bunda maravilhosa - pra lá/pra cá, pra cá/pra lá, pra lá/pra cá - se distanciar, se distanciar... virar a esquina... sumir.

Babou mais uma vez!

Hoje ele sabe que o diabo existe.

E continua babando!
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TõeRoberto-post in jampa/pb

música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:00
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