Textos Escolhidos

 

A história é de Minas.

Acho que por mais insignificante que seja o ser humano, alguma coisa dele fica no espaço ou... na memória de alguém.

Ficou na minha ou não estaria escrevendo sobre isso.

Madalena:

Madalena - só Madalena - era o nome da personagem.

Surda, falava pouquíssimo, além de não falar coisa com coisa.

O eterno pano na cabeça, a cabeça sempre baixa.

Em menino, e adulto também, convivi muito com ela e sei pouquíssimo de sua vida. Era daquelas pessoas que passam pela vida despercebidas. Estão ali, mas é como se não estivessem. Teimam em não existir para o mundo.

Nunca soube como seus patrões a conseguiram. Morava num quartinho no fundo da casa... despercebida.

Como louca era vista na cidade.

Andava pelas ruas resmungando. As crianças tinham medo de Madalena.

A personagem é profunda e eu sou muito raso, muito superficial para traçar um perfil mais adequado, mais justo para Madalena.

Só sei que ela ficou na minha memória apenas por uma frase que repetia a cada vez que passava por alguém, inclusive por mim, e que eu vivo repetindo pela vida afora:

"Cê num sabe o qui ti espera nu fim da vida!"

Madalena se foi. Ficou eterna comigo.

Agora vocês também já sabem:

"Cê num sabe o qui ti espera nu fim da vida!"

Assustador, não???
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música: Variada
publicado por Antonio Medeiro às 05:12