Textos Escolhidos
Há tempos, observo: a maioria das pessoas não gosta de assunto de gente politizada.
Pensam acreditar numa conversa fiada que existe por aí que não existe mais direita nem esquerda.
Não existe? Você pensa igual ao Bush?
Acreditam, ainda, que a relação comercial, por exemplo, entre o Brasil e os Estados Unidos é saudável e não existe exploração imperialista (tem gente que tem vergonha de usar esta palavra).
Por que insistem na Alca?
Ah, imperialista também é uma palavra que querem fazer desaparecer!
Os grandes países capitalistas, exploradores dos paises subdesenvolvidos, querem nos fazer acreditar que o que existe é um mundo globalizado, negócios sem fronteiras, com oportunidades para todo mundo.
Mentirinha!
Passam através da mídia essa falsa sensação de que a sociedade só funciona assim. Que não existe outro meio de organização e que o capitalismo nos faz melhores, porque nos tornamos verdadeiros atletas para vencer todos os grandes obstáculos que nos levam ao sucesso.
E a sua saúde onde fica?
Concordem ou não comigo:
As pessoas, hoje, vivem de futilidades: saem para almoçar, só falam dos seus empregos; começam a namorar, só falam de suas carreiras; chegam em casa, só falam dos seus negócios; saem para jantar... negócios; entram na universidade, dinheiro... negócios! Sexo, vício e superação estão em alta.
O Pierre Cardin que viu no shopping, o celular da motorola, o carro da honda, o perfume francês, a digital da sony, aquele par de sapatos prada, a manicura, o spa, o cd do U2, a academia, o restaurante especial, aquele apartamento em Copacabana.
A classe média baixa e os menos pobres (se é que isto existe) também vivem da mesma maneira, só trazem os assuntos e os sonhos de consumo para dentro das suas realidades.
Não que ter coisas, pensar em ter coisas não seja importante, mas quando este comportamento é regra para a maioria das pessoas da sociedade e ter coisas é só o que importa, os prejuízos vão se acumulando no balanço da vida nacional: a cultura está um farrapo, a miséria se disfarça atrás dos programas de distribuição de esmolas do governo, a educação é uma vergonha internacional, a saúde uma mancha na consciência de todos nós e o problema fundiário é o que vemos todos os dias na tv.
Observei que, na maioria dos casos, as pessoas que não gostam de conversar assuntos de gente politizada não gosta não por ser despolitizada, mas sim por serem egoístas.
Acreditam que devem ficar quietas no seu cantinho, com todos os seus privilégios assegurados.
Mexer com assuntos tão polêmicos pode, pensam elas, trazer prejuízos para suas vidas tranqüilas.
Entretanto, esquecem que tudo isso acontece também dentro das suas casas e que, mais cedo ou mais tarde, alguém da sua família acabará pagando, com juros, essa imensa dívida social.
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(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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