Não há sentimento mais vazio
que o vestir-se do drama
de uma história de ausências
de uma ausência sem histórias.

Do que ver pelas janelas
aqueles pedaços de vida
sozinhos pelos desertos
desfilando seus horrores.

Uma história nenhuma
com muitas histórias nenhumas
numa vida nenhuma
sem nenhum amanhecer.

Não há sentido de mundo
há um rastro invisível
de completa escuridão
permeado por abutres.

Não há nascer ou dormir
não há morrer ou acordar
existe um estado líquido
entre o não estar e o estar.

Não há história nenhuma
nas páginas dos jornais
não existe vida em jogo
nem homem para chorar.

A noite do homem sem história
avança, patética, a clarear
o sonho que não foi sonhado
porque não há mais nada a sonhar.
(Eunápolis/BA/09:38hs)

publicado por Antonio Medeiro às 10:41